Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 307: Mel retorna ao Rio de Janeiro disposta a contar a verdade aos filhos


Júlia abre um sorriso simpático para Chay.
   — Adoraria, mas eu estou no meu horário de trabalho.
   — Ah, fala sério! — Ele ri. — Você não pode tirar alguns minutinhos pra mim?
   — Não posso, de verdade. — A mulher retorna para o elevador e dá um beijo na bochecha dele. — Fica para uma outra ocasião.
   — Eu vou cobrar! — brinca Chay.
   — Pode deixar.
Júlia sai e o cantor para de segurar o elevador.

Após conferir se tudo passa bem com o seu curativo, Yasmin sai de seu quarto arrastando os chinelos, chateada consigo mesma por não estar conseguindo dormir. Além das empregadas, só há ela na mansão, pois seu irmão está no colégio e seus pais em seus respectivos trabalhos. Por essa razão, a loirinha busca refúgio no escritório de Sophia. 
   Ela não anda mais curvada, mas se restringe a se movimentar devagar. Olha sem realmente enxergar as revistas nas prateleiras, a maioria de moda e alta costura. Uma delas prende o seu olhar e chama a sua atenção.
   — Interessante — comenta Yasmin lendo por alto a capa da revista. Com mais disposição analisa as demais revistas e minutos depois senta na poltrona de sua mãe com várias delas em sua frente. Os materiais são de marcas diferentes, tamanhos e larguras distintas, porém com o conteúdo em comum: vestidos de noiva.

Na hora do intervalo, os corredores do colégio Otávio Mendes ficam mais movimentados e barulhentos. Entre os alunos que por ali transitam, estão Malu e Graziele.
   — Será que ele ficou tão bolado assim? — questiona a ruiva virando em um corredor mais vazio.
   — Pelo visto ficou — Malu responde com a voz arrastada. Ela e sua amiga sentam nos degraus que levam ao andar de cima. — Ele não faltaria aula se não fosse por uma coisa importante, os vestibulares estão cada vez mais próximos.
   — Nem me fale nisso — pede Graziele. — Mas enfim, eu não entendo a cabeça do Samuel.
   — E quem entende? — rebate Malu. Envolvidas na conversa não notam quando Victor passa por elas, descendo a escada com o celular no ouvido.
   — Que bom que você arrumou alguma coisa pra passar o tempo — comenta ele também sem reparar nas duas. — É, já é alguma coisa. Ok então. Eu vou comer alguma coisa também. Só não morre nem abre os pontos, ok? Tchau!
O loiro desliga e passa pelas portas grandes e de vidro da lanchonete.
   — Obrigada, grande anã! — fala sentando ao lado de Isabela na mesa que ela divide com Felipe, Vinícius e Marina.
   — Pelo o quê? — questiona a jovem.
   — Pelo delicioso sanduíche. — Assim que termina de falar, ele puxa o prato da frente dela e pega o lanche.
   — Victor!? — exclama Isabela enquanto os outros riem. — É o meu favorito.
   — O meu também — ele responde mastigando.
   — Sabia que era o último?
   — Sério? Ainda bem que eu tenho esse.
   — Me devolve — exige Isabela. — Agora.
Victor lança um olhar longo e atrevido para ela. Em seguida, dá uma grande lambida na lateral do pão.
   — Ai que nojo — comenta Marina rindo.
   — Toma. — Victor estica os braços na direção de Isabela, que arrasta a cadeira para o mais longe possível dele, ficando grudada em Felipe.
   — Seu nojento! — retorque.
Vinícius dá um leve sorriso e começa a acompanhar a discussão entre a irmã e Victor recebendo de Marina um carinho delicado em sua perna.
   — Vamos fazer alguma coisa hoje à tarde?
Ele olha para a namorada.
   — Oi? Não te ouvi direito.
Marina sorri e repete o convite.
   — Não vai dar — responde Vinícius.
   — Por quê? — ela pergunta com curiosidade.
O rapaz pega o copo de suco e responde enquanto mexe o seu conteúdo.
   — Eu vou em um lugar com o meu pai que conserta e vende instrumentos antigos. — Sem desviar os olhos do copo ouve Marina falar:
   — Ah! Que legal.
   — É. — Ele confirma e termina de beber o suco em um gole só.
   — Está tudo bem? — pergunta Marina sentindo o corpo dele mais tenso.
   — Oi? — Vinícius olha para ela, que ri.
   — Vinícius, você está bem?
Ele sorri de volta.
   — Estou, é que com aqueles dois discutindo ali fica difícil me concentrar.
Marina olha de relance para o irmão e Isabela, arrasta a cadeira para trás e comenta:
   — Estranho ouvir isso do rei do foco e da concentração. — Ela sorri. — Vou lá pegar um suco, já que você acabou com o meu.
Vinícius percebe o que fez e segura no braço dela.
   — Desculpa, nem notei que era o seu. Eu pego outro pra você.
   — Não precisa, eu vou lá.
Marina dá um selinho rápido nele, levanta e caminha até o balcão sem ver Vinícius massagear a própria nuca.
   — Um suco de pitanga, por favor — pede para o funcionário encostando no granito. Só depois de fazer o pedido que repara em quem está ao seu lado. — Oi, Thiago.
O rapaz, que come afastado de seus amigos, olha para ela.
   — Oi, Mari.
   — Está tudo bem? — ela repete a pergunta que fez ao namorado, agora com mais preocupação, pois Thiago está bem desanimado.
   — Está.
   — Você parece chateado, triste com alguma coisa.
   — Não é nada — ele sorri para ela. — São só as mudanças do tratamento.
   — Ah, entendi! — exclama a morena sem acreditar por completo na palavra dele. — Se você precisar conversar com alguém, pode contar comigo, tá bom? Você sabe que eu sou sincera e não vou ficar fazendo tipo com você.
Thiago sorri e responde:
   — Eu sei, obrigado.
O funcionário coloca o suco de Marina no balcão.
   — Obrigada — responde a jovem pegando o copo. — Coloca na minha conta, é Blanco Aguiar.
O homem assente e Marina volta a olhar para Thiago.
   — Não quer sentar lá com a gente?
   — Não, valeu.
   — Ok. — Ela pega o seu suco, sorri gentilmente para ele e se vira. 
O copo de suco quase escapa de sua mão quando Thiago segura com firmeza em seu braço.
   — Marina — ele chama como se ela pudesse se afastar.
   — Oi. — A jovem olha assustada para ele.
   — Você quer dar uma volta mais tarde?
   — Como?
Thiago dá de ombros.
   — Andar, bater um papo.
Marina assente.
   — Tá bom. Eu passo na sua casa, pode ser?
   — Pode. — Ele solta lentamente o braço dela e diz: — Fica tranquila que não será como da última vez.
Ela sorri.
   — Eu sei que não. Você já não é aquele Thiago.
   — Não tenho tanta certeza.
O silêncio paira entre eles por alguns segundos.
   — Você não quer mesmo ir sentar com a gente?
   — Não — ele sorri.
   — Ok. — Ela sorri de volta. — Então a gente se vê mais tarde.
Marina retorna para a mesa com seus amigos e Thiago continua comendo sozinho o seu salgado. 

De óculos escuros e jaqueta jeans, Samuel desce com pressa as escadas de sua casa, surpreendendo Ruth.
   — Filho? Você não foi para a aula hoje?
   — Não — ele responde indo até ela.
Após receber um beijo dele, ela pergunta:
   — O que aconteceu? Você está tenso.
   — Algumas coisas aí — responde Samuel agitado.
   — Que coisas?
   — Algumas com a Malu.
   — Me conta, Samuel — pede Ruth segurando no braço dele. — Eu fico preocupada com você.
   — Não é nada com o que a senhora precise se preocupar, mãe.
   — Como não? Olha pra você, todo nervoso. O dia só está começando e você já está assim!
   — Eu não preguei os olhos — conta Samuel passando a mão na nuca retesada.
   — Por quê?
   — Eu descobri uma coisa sobre a Malu, na verdade ela mesma me contou.
Ruth franze a testa.
   — Que coisa?
Samuel está tão nervoso e distraído com seus conflitos que conta a verdade sem hesitar:
   — A Malu teve um lance com uma garota lá da nossa sala.
   O QUÊ? — Ruth arregala os olhos. — Ela te traiu? C-com uma m-menina?
   — Ela não me traiu, elas ficaram antes da gente se envolver — explica o rapaz.
   — Mas isso... isso é um absurdo, meu filho! — exclama a mulher horrorizada. — Eu sabia que essa garota não era uma boa companhia pra você. Primeiro, fica de conversinha com o seu... com aquele garoto. Agora isso!
   — Mãe, a última coisa que eu queria agora era lembrar da existência do Ben.
   — Eu também não gosto de lembrar dele, mas é pra você entender que essa menina é uma péssima influência pra você.
   — Não é pra tanto.
   — Como não? Ela é... uma lésbica!
   — Ela também fica com garotos, então é bissexual o certo. Quer dizer, eu já nem sei mais o que ela é ou o que é certo ou não!
   — Tudo é errado, meu filho. Essa garota é errada! Isso é pecado.
   — Mãe, não começa — pede Samuel fechando os olhos e desejando poder fechar os ouvidos também.
   — Mas é verdade. Como eu pude receber essa... essa despudorada aqui em casa?
   — Por favor, mãe.
   — Ela se relaciona com outras meninas e se acha no direito de se envolver com você? Meu filhinho — fala Ruth passando a mão pelo cabelo dele. — Mas ainda bem que ela teve a vergonha na cara de te falar a verdade, assim você pode manter distância dela. Onde já se viu, ficar com os dois ainda por cima? Acha que se relacionar com homens vai apagar tudo de pecaminoso que ela já fez?
   — Não é bem assim, mãe.
   — Claro que é, filho — ela fala com a voz amorosa. — Deus criou Adão e Eva. Homem e mulher. O resto não deveria existir, vai contra a vontade de Deus. É errado, é pecado. Eu tenho nojo dessa ga...
   — Para! — grita Samuel abrindo os olhos e cravando seu olhar em Ruth. — Eu ainda gosto dela, entendeu?
   — Isso vai passar — Ruth tenta tranquilizá-lo.
   — Eu não sei se eu quero que passe, mãe! — retorque Samuel descontrolado.
   — Você não sabe o que diz, meu filho.
   — A senhora que não sabe! Nojenta não é a Malu, são as suas palavras. Isso é preconceito, mãe!
   — Não é, meu filho. Eu só estou falando a verdade, é o que está na bíblia, é o que Deus criou...
   — Eu não me importo com o que está na bíblia! — retorque Samuel e cambaleia até o centro da sala. — Eu não sei mais com o que eu me importo.
   — Filho, fica calmo.
   — Eu não quero ficar calmo! — ele grita. — Eu quero entender tudo isso. Só que é tão difícil! — exclama batendo na própria cabeça.
   — Samuel, para com isso — Ruth pede chegando mais perto dele com aflição.
   — Me deixa em paz! Me deixa em paz! — repete o jovem e alcança sua carteira e as chaves do carro dela na mesinha de centro.
   — Você não vai sair desse jeito — ordena Ruth.
   — Não tenta me impedir! — Samuel desvia dos dedos dela e sai com rapidez.
   — Samuel, volta aqui! — Sua mãe tenta alcançá-lo, mas não consegue.

As malas de Mel e Reinaldo já estão no carro e eles se despedem da família dele. Reginaldo e Denise foram embora logo no início da manhã assim como Regina, o que deixa Mel mais aliviada, pois as pessoas que ela não simpatizou já não estão mais ali.
   — Foi um prazer sem tamanho conhecer a senhora — fala abraçando Maria. — A senhora é muito especial.
   — Você que é, minha filha — sorri a idosa para ela. — Volte mais vezes, tudo bem?
   — Com certeza.
   — Da próxima vez traz seus filhos — pede Susie. — Eu adoraria conhecê-los além do que sai nas revistas.
Mel sorri e Reinaldo fala:
   — Eles são bem diferentes do que sai na mídia. São legais!
Todos riem.
   — Eles vão adorar conhecer vocês — fala Mel dando um abraço em Susie.
Quando chega sua vez de se despedir da empresária, Régis diz:
   — Gostei muito de te conhecer, Mel. Você é muito mais do que aquilo que a gente vê na televisão e nas revistas.
Mel sorri.
   — Espero que positivamente.
   — Com certeza — é Roni quem responde. — Foi muito legal esse final de semana, Mel — diz abraçando ela.
   — Eu gostei muito de conhecer vocês — fala Mel para todos. — Espero que a gente possa se encontrar mais vezes.
Reinaldo também se despede de seus familiares e o casal entra no carro dele. 
   — Um tempinho de carro, mais outro de jatinho e Olá, Rio! — sorri Reinaldo afagando o joelho dela.
Mel respira fundo, começando a ficar nervosa pelo o que lhe espera.

Com atenção e cuidado, Chay tenta reproduzir para o almoço uma receita que encontrou na internet. Vinícius e Isabela já chegaram do colégio há alguns minutos e estão espalhados pelo apartamento. 
   — Ah, moleque! — vibra provando o caldo da panela.
   — Pai.
Ele se vira e encontra Vinícius encostado no balcão que divide a cozinha da sala.
   — Oi, filhão. Cadê a Isa? Vocês precisam experimentar minha obra prima. Até você, que arrasa na cozinha, vai me pedir dicas.
Vinícius dá um leve sorriso.
   — Ela está tomando banho.
   — Ah, sim! Então vamos esperá-la para almoçar.
   — Sim. — O jovem olha ao redor, parecendo tomar coragem para dizer algo. — Pai?
   — Oi.
   — O senhor sabe mais ou menos onde fica esse endereço. — Ele tira um papel do bolso e entrega para o cantor.
   — Não — responde Chay após pensar por um momento. — Por quê? — questiona colocando o papel sobre o balcão.
   — Eu preciso ir lá hoje à tarde.
   — O que tem lá? — questiona Chay mexendo a panela.
Vinícius hesita por um instante, mas responde.
   — É uma escola de gastronomia.
Chay se vira sorridente para o filho.
   — Você vai se matricular, filho? Isso é maravilhoso!
   — Na verdade não é isso — corta Vinícius nervoso.
   — Então o que você vai fazer lá?
O jovem coça a cabeça, pensa mais um pouco e conta:
   — Vai ter uma prova para uma escola de gastronomia. 
   — Hã? Uma prova de uma escola de gastronomia pra outra escola de gastronomia?
   — É mais ou menos isso. É que a prova é para uma das melhores escolas de gastronomia do mundo. Fica na França.
   — Uau! — exclama Chay perplexo. — E você vai fazer? Quer dizer, você quer isso?
   — Seria uma oportunidade incrível — fala o rapaz. — Só que é muito difícil, né? Eu nem sabia que ia ter esse concurso, foi um estilista lá da MelPhia que me passou. É algo muito restrito e as vagas são ainda mais apertadas.
   — Eu sei que você consegue! — apoia Chay. — Você é incrível na cozinha, todo mundo gosta do que você prepara.
Vinícius ri.
   — Pai? Uma coisa é cozinhar pra vocês, outra é cozinhar para os melhores chefs do país.
   — Eu sei que você é capaz. 
O jovem dá um leve sorriso.
   — Ah, eu tenho que te pedir outra coisa.
   — Carona? — ri Chay.
   — Não, eu vou de táxi. É outra coisa.
   — O quê?
   — Eu não contei pra ninguém que eu vou fazer essa prova. Eu disse pra Marina que a gente ia em uma loja de instrumentos musicais, aquela que a gente foi outro dia.
   — Eu sei.
   — Pois é — continua Vinícius. — Eu não queria falar pra ninguém pra que nenhuma expectativa fosse criada, sabe? E ainda mais que é uma escola lá em Paris. Na França! 
   — Eu te entendo — Chay fala. — Pode deixar, para todos os efeitos nós vamos fazer compras.
   — Valeu! — sorri Vinícius. — Eu vou lá no quarto aprontar minhas coisas.
   — Tudo bem!
O jovem sai e Chay fica sorridente e orgulhoso.
   — Imagina meu filho estudando gastronomia na França? — A campainha toca e interrompe os devaneios dele. — Quem será?
Assim que abre a porta, o cantor fica estarrecido.
   — Mel?
A empresária dá um leve sorriso para ele.
   — Oi.
Chay olha para trás para conferir se um de seus filhos ouviu alguma coisa.
   — O que você está fazendo aqui? — sussurra para ela. — Ainda com a mala? — acrescenta olhando para o objeto ao lado dela.
   — Eu vim direto do aeroporto — Mel explica. — Vim o caminho todo pensando e remoendo sobre o que está acontecendo. Eu não consigo mais esconder a verdade dos meus filhos!
   — Então você quer contar a verdade agora?
   — Sim — responde Mel com o olhar decidido. 


Comentários

  1. Obaaa até que fim Mel tomou vergonha na cara e vai contar a verdade!!!!
    Isa é agora de mostrar a vilã que existe dentro de você (Vai garota eu conto contigo)

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    Respostas
    1. "até que fim Mel tomou vergonha na cara"
      Tomou vergonha na cara?
      OI?

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  2. Isa meu amor mamãe chegou e a hora de você dizer que vai prolongar a estardia com o papai

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  3. E chegada há hora de ouvir há Isa dizer: que seja felizes mas não conte com o meu apoio

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  4. Isa por favor estamos contando contigo! Não aceita não agora. Deixa mamãe sofrer um pouco ela precisar passar por isso que vc ta passando.

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  5. Gente a mel ta feliz pelo amor de Deus, ela tá seguindo com a vida dela, o chay e a mel terminaram juntos, ela não é a vilã da história não

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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