Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 301: Mel viaja para São Paulo com Reinaldo

Mel morde o lábio com força e tenta levantar do sofá para ir atrás de Isabela, mas Vinícius não permite ao segurar em seu braço.
   — Não faça nada agora, mãe — pede ele com a voz suave.
   — Eu quero entender porque ela está agindo assim!
   — Ela precisa de tempo, só isso. Assim como eu, ela desconfia de que tem alguma coisa acontecendo.
   — Mas eu não falei nada ainda, ela está me tratando desse jeito por uma coisa que nem sabe se é verdade?
   — É — responde Vinícius baixinho. — Ela só está assustada, mãe. Deixa ela refletir sobre isso. Isso só vai ajudar a senhora, porque quando a gente realmente souber do que está acontecendo ela já terá se acostumado com a ideia.
   — Mas e se ela estiver pensando em uma coisa que não tem nada a ver?
   — Acredite em mim, ela está pensando exatamente no que está acontecendo.
Mel suspira e abraça o filho com força.
   — Desculpa por fazer vocês passarem por isso.
   — Ei. — Vinícius afasta-se dela, mas permanece segurando em suas mãos. — A senhora não tem que se desculpar por nada. É a sua vida, mãe! Eu sinto que a senhora tem estado mais feliz ultimamente do que nos últimos meses e é isso o que importa. A sua felicidade está acima de qualquer coisa pra mim.
Emocionada, Mel abraça Vinícius novamente.
   — Você é um ser iluminado, meu filho. Iluminado.

Na manhã seguinte, as nuvens encobrem o Sol, dando uma atenuada no calor e camuflando o amanhecer. Ainda com o rosto bem amassado do atrito com o travesseiro, Felipe repousa em uma cadeira acolchoada no closet de Isabela com Nina adormecida em seu colo. Sua namorada, bem desperta para o horário, caminha de um lado para o outro no espaço montando sua mala.
   — É só um final de semana, Isa — ele lembra esticando o pescoço para enxergar a enorme mala dela.
   — Eu sei, mas eu gosto de estar preparada para as diversas ocasiões que podem vir a acontecer — responde a jovem tirando o cabelo do rosto. — Você viu os meus óculos?
   — Qual? — Felipe boceja.
   — Esse! — Ela se estica e pega seus óculos escuros. 
Isabela permanece dando voltas pelo closet, pegando uma coisa aqui e ali para guardar em sua mala. Em certo momento, Felipe é vencido pelo sono e adormece com a cabeça apoiada no encosto da cadeira, passando despercebido pela namorada.

Graziele sente a cabeça latejar e franze a testa antes mesmo de abrir os olhos. 
   — Ai! — geme colocando as mãos na cabeça. Ela abre apenas um dos olhos para espiar ao seu redor e leva um susto. — Onde é que eu tô? — Sua cabeça rodopia e ela tem que apoiar uma das mãos no colchão. Não demora muito para ela constatar que não é um colchão, e sim uma maca para tatuagens.
A ruiva pula da estrutura e observa ao redor estreitando os olhos. Aos poucos vai reconhecendo cada canto do primeiro andar do estúdio de tatuagem de Fabrício, amigo de Thiago e Douglas.
   — Como eu vim parar aqui? — se perguntando caminhando até um mini bar. Ela procura por algo pra beber, mas como só encontra bebidas alcoólicas desiste da ideia. 
Ao forçar um pouco mais a memória, recorda-se de ter entrado no estúdio com Douglas no fim da madrugada. A sensação dos braços dele ao redor de sua cintura, com o seu corpo encostado na porta principal, inunda sua mente e ela sente um calorzinho espalhar-se por seus membros. O que se seguiu vai surgindo naturalmente em sua cabeça. Ela cambaleou entre risos até um dos sofás sujos e encardidos. Dali acompanhou Douglas pegar uma garrafa de uísque e se servir, comentando que tinha roubado a chave do bolso de Fabrício. Eles permaneceram no térreo por mais um tempo, conversando e rindo. Ela bebeu ainda mais e Douglas fumou alguns cigarros. A última recordação que tem é de ter visto Douglas encontrar um pó branco em uma das gavetas de Fabrício e começar a enfileirá-lo em cima do vidro da mesinha de centro. Nesse momento, ela subiu para o primeiro andar e de lá não saiu.
   — Douglas? — chama descendo a escada circular de ferro. — Douglas? — Ela o encontra exatamente onde estava quando ela subiu, ao lado da mesinha de centro. — Douglas, acorda — pede cutucando o ombro dele. Seu olhar passa pela mesinha e ela encontra um saquinho com o mesmo pó branco da noite anterior e ainda uma carreira sobre o vidro. A visão causa um embrulho em seu estômago e ela volta a sacudir Douglas.
   — Hã? — ele balbucia virando de barriga pra cima. Graziele enxerga resquícios da droga no nariz dele e tenta desviar o foco.
   — Douglas, acorda.
O rapaz abre os olhos e sorri ao vê-la.
   — Oi, ruivinha. — Ele senta repentinamente e Graziele tem que se afastar para ele não bater a cabeça na dela.
   — Você está bem? — Ela levanta e caminha pelo espaço.
   — Estou, vou ficar ainda melhor quando dormir mais um pouco. — Ele sorri e dá batidinhas no chão ao seu lado. — Deita aqui.
   — Você é louco? — pergunta a jovem sorrindo e sentindo tontura. — Eu vou embora.
   — Mas já?
   — O dia já amanheceu — comenta Graziele espiando lá fora por entre a cortina manchada.
   — Eu sei. — Ele sorri e gira a cabeça. No instante que vê a cocaína sobre a mesa, fica em alerta. Com rapidez, coloca uma revista amassada sobre o pacotinho e a fileira.  
Graziele volta a olhar pra ele e finge não ter percebido que ele escondeu a droga.
   — É melhor eu ir embora, eu disse pros meus pais que iria em uma festa com uma amiga e dormiria na casa dela.
   — Não é totalmente mentira — ele ri. 
   — Eu sei. — Ela se apoia em uma parede. — Acontece que eu não quero ficar mentindo pros meus pais.
Douglas levanta lentamente e caminha até ela. Graziele fica hipnotizada pelo movimento das tatuagens dele e parece não notar quando ele para a pouquíssimos centímetros dela.
   — Por que você não fala a verdade sobre o que aconteceu? — indaga colocando as mãos frias na cintura dela por dentro do top cropped.
Graziele toma consciência da proximidade e começa a respirar de maneira ofegante.
   — O que aconteceu? — indaga em um sussurro.
   — Você foi em uma festa comigo, bebeu todas e passou a noite em um estúdio de tatuagem.
   — Foi só isso?
Douglas abaixa a cabeça e ri.
   — Se tivesse acontecido algo a mais, você com certeza se lembraria. — Ele aperta a cintura dela e a ruiva se arrepia. 
Os dois ficam se olhando por longos segundos até que Graziele leva uma das mãos à nuca dele e segura em seu cabelo.
   — Douglas — sussurra fitando os lábios dele.
   — Oi — ele responde observando com encanto o rosto dela.
Graziele suspira e fecha os olhos, torcendo para que ele faça o que ela não tem coragem de fazer. Embora sinta um desejo descomunal, Douglas não consegue se mover. A pele quente de Graziele sob suas mãos, a respiração entrecortada dela junto com a sua, seus lábios corados entreabertos, tudo o fascina, porém algo em sua mente não permite que ele aja. Algo que ele sabe exatamente o que é.
Vendo que nada acontecerá, Graziele abre os olhos e o empurra.
   — É melhor eu ir.
   — Sim — concorda Douglas passando a mão na nuca.

A discrepância das malas de Vinícius e Isabela é tão grande que nem parece que eles estão indo para o mesmo lugar passar os mesmos dias.
   — Então é isso — ele diz olhando para a mãe, parada à porta. — Nós estamos indo.
Mel puxa Vinícius para um sufocado abraço.
   — Vou sentir saudades!
   — É só um final de semana, mãe — ele sorri com calma e Isabela permanece imóvel segurando sua mala com o olhar no jardim.
   — Fala isso para o coração de uma mãe.
Vinícius ri e se afasta dela.
   — Tenho certeza de que a senhora também vai aproveitar o final de semana em São Paulo.
Algo no brilho dos olhos de Vinícius indica a Mel que ele sabe, mesmo que seja impossível, o que ela realmente fará no estado vizinho.
   — Assim espero — ela dá um sorriso amarelo.
   — A gente já pode ir? — pergunta Isabela com impaciência enquanto Nina continua correndo pelo jardim arrastando a coleira pelo gramado.
   — Você não vai se despedir da mãe? — questiona Vinícius sem sua habitual doçura na voz.
   — É só um final de semana — ela responde, mas mal termina a frase e já está nos braços de Mel.
   — Eu vou sentir falta dessa sua mal-criação — comenta Mel abraçando a filha com força.
   — Mãe, me solta — pede Isabela com falta de ar.
   — Eu te amo, nunca se esqueça disso. — A empresária dá um beijo na testa da filha.
   — Eu sei.
   — Nós também te amamos — Vinícius fala e abraça as duas. 
Nina retorna e começa a pular ao redor deles.
   — Acho que alguém está com ciúmes — comenta Mel rindo e por um breve momento Isabela também sorri, mas logo recompõem a expressão e diz:
   — Ela só quer ir embora, assim como eu.
Mel abre a boca para responder, mas prefere ficar calada.
   — Nós vamos indo, mãe — fala Vinícius após lançar um olhar de censura para a irmã.
   — Aproveitem bem — pede Mel dando mais um abraço nele.
   — A senhora também — Vinícius sussurra no ouvido dela, deixando Mel preocupada sobre o que ele sabe.
   — Tchau! — ela diz vendo os dois se afastarem com Nina.

É inevitável o estômago de Sophia não se embrulhar enquanto ela acompanha Yasmin trocar o curativo da madrugada.
   — Você não tem medo? — pergunta para filha, que age com frieza e precisão.
   — Não — responde a jovem, jogando o curativo fora. — Afinal, eu preciso fazer, né?
   — Se você quiser a gente pode contratar uma enfermeira — sugere Sophia e sua filha ri.
   — Não precisa, mãe. Eu consigo fazer isso, afinal é o meu corpinho que está em jogo, né? — Ela dá uma risadinha, mas não mexe a barriga.
   — Você vai ficar em casa, né? — questiona a empresária com preocupação.
   — Vou — garante a loirinha. — Não estou me sentindo muito disposta ainda. Acho que é mais mental do que do corpo mesmo, sabe? 
   — Então descansar mesmo.
   — É. A Isa foi pra casa do Chay, sabia? Ela e o Vini.
   — É porque a Mel vai passar o final de semana em São Paulo.
   — Sim, o que ela vai fazer lá, mãe?
   — Resolver uns pepinos da grife — responde Sophia reforçando a história de Mel.
   — Ah! E por que a senhora não foi também?
   — Porque eu não ia deixar a senhorita sozinha, né? 
   — Mãe? Eu tenho o pai e o Felipe pra cuidar de mim — ri Yasmin.
   — Mas nenhum deles é sua mãe, é? — Sophia ri passando a mão pelo cabelo de Yasmin.

Por volta das nove horas da manhã, Malu chega à mansão de Larissa e Henrique.
   — Oi, Malu! — Larissa demonstra surpresa.
   — Oi! — responde a morena de chinelinho e jardineira jeans. — A Grazi tá lá no quarto?
   — Sim. Pensei que ela tivesse dormido na sua casa.
   — Hã?
   — Ela falou que ia sair com uma amiga e dormir na casa dela — conta Larissa estreitando os olhos, visivelmente desconfiada.
   — Ah, sim! — Malu coça o cabelo. — Ela realmente dormiu na casa de uma amiga, mas não fui eu não. Foi a Mayara!
   — Quem?
   — Mayara. É uma amiga nossa do colégio — explica Malu com naturalidade. 
   — Entendi. — Larissa assente e fica aliviada.
   — Ela não chegou ainda?
   — Chegou, está dormindo lá no quarto.
   — Então eu vou lá encher o saco dela — ri a morena subindo a escada.
Malu surpreende-se ao chegar no quarto de Graziele e encontrar a ruiva sentada no tapete com a cabeça entre os joelhos.
   — Grazi? — pergunta caminhando até a amiga. — Você está bem?
A ruiva ergue a cabeça e Malu recua. O rosto pálido de Graziele está ainda mais branco, as várias camadas de rímel que ela passou escorre por suas bochechas e os seus estão lábios secos.
   — Que foi que aconteceu com você? — questiona Malu agachando ao lado da amiga. Graziele continua chorando compulsivamente e não diz nada. — O que foi, Grazi? Você está me deixando preocupada! Aconteceu alguma coisa na festa? O Douglas fez alguma coisa com você?
   — Não — fala a ruiva entre lágrimas e soluços. 
   — Então o que foi?
Vários minutos passam até Malu conseguir acalmar Graziele. Assim que se sente um pouco melhor, a ruiva começa a relatar:
   — A festa foi incrível ontem. A gente dançou, curtiu, mas eu bebi demais.
   — Ai meu Deus, e aí?
   — Eu estava muito bêbada, amiga — chora Graziele. — Só que eu lembro de tudo, sabe? Eu lembro do que eu pensei e, principalmente, do que eu senti. — Ela esconde o rosto nas mãos e chora ainda mais.
   — Continua — pede Malu afagando o ombro dela. 
Passado alguns instantes de choro compulsivo, a ruiva prossegue:
   — Eu senti uma coisa pelo Douglas que eu não sei explicar direito. Naquele momento, eu só queria... eu só queria ficar com ele. — Ela fecha os olhos. — Depois da festa a gente foi pro estúdio do Fabrício. Lá eu bebi ainda mais e... e o desejo por ele crescia a cada momento. Foi então que ele achou um pacotinho com cocaína e...
   — Não! — exclama Malu levando as mãos à boca. — Grazi, você não cheirou, né? Por favor, diz que não.
   — Não — responde a ruiva com sinceridade. — Óbvio que não. Quando eu vi o que ele estava prestes a fazer, eu subi pra onde o Fabrício realmente faz as tatuagens e acabei dormindo na cadeira. Umas horas depois eu acordei e desci pra saber como o Douglas estava.
   — E aí?
   — Ele dormiu do lado da mesinha de centro — narra Graziele revivendo o momento em sua mente. — O saquinho continuava lá e ainda tinha uma fileira de pó. As outras ele cheirou — fala baixinho. — Depois que eu consegui acordar ele, a gente conversou um pouco e... — Ela volta a chorar. — E eu não aguentei mais. Eu não estava mais bêbada, Malu! Não estava mais com a euforia da festa, mas... mas eu continua querendo o Douglas. A gente estava tão perto — ela fecha os olhos lembrando das sensações. — Ele me prendia contra a parede e naquele momento eu só desejava beijar ele. Só que eu não consegui fazer isso, não dava! Ele é amigo do Thiago!
   — E?
   — Eu fechei os olhos e esperei — ela dá um leve sorriso. — Eu só queria que ele fizesse o que eu não conseguia fazer. Só que nada aconteceu. 
   — Então vocês não se beijaram?
   — Não. Só que eu me sinto culpada! — Ela volta a chorar.
   — Culpada pelo o quê, Grazi?
   — Por causa do Thiago! Ele é amigo do Douglas, a gente saia junto e agora eu quero ficar com ele!
   — Olha, Grazi, eu vou ser bem clara com você. Eu acho sim que o Thiago vai ficar bolado, mas o que você pode fazer? Depois que ele começou o tratamento ele te afastou. Ok que ele acha que isso é a coisa certa a se fazer, pra vocês não sofrerem e blá blá blá, mas e você? Você vai ficar se comportando como uma viúva? Sem contar que você nem ficou com o Douglas!
   — Mas eu quero ficar com ele — rebate Graziele. 
Malu coça a cabeça sem saber como dizer o que quer, depois de pensar um pouco decide ser direta:
   — E se ele não quiser ficar com você?
Graziele dá um sorriso entristecido.
   — Eu sei que ele quer. A gente se provoca, Malu. E parecia que ele também estava no clima mais cedo. Só que eu acho que ele está no mesmo impasse que eu.
   — É, no caso dele é pior. Você é ex-namorada do Thiago, ele não é ex-amigo.
   — Só que eu não me sinto como ex-namorada. Eu ainda amo o Thiago, Malu — assume com lágrimas nos olhos. — Eu sinto que meu coração sempre será dele. Acontece que o meu corpo e a minha cabeça estão se sentindo rejeitados. Eu estou cansada de ficar correndo atrás dele! E agora o Douglas entrou em cena e... eu me sinto atraída por ele de uma forma inexplicável. 
   — Entendi o seu dilema. Você ainda ama o seu ex-namorado, que também te ama mas não quer ficar junto pra vocês não se magoarem. Com o término você ficou ainda mais próxima de um dos melhores amigos dele e começou a rolar uma coisa entre vocês, só que vocês não conseguem se envolver por culpa. E pelo Thiago você sente amor e pelo Douglas é atração física.
   — Exatamente. Eu não sei o que eu faço!
   — Fica calma, primeiro. Tenta dormir um pouco. Você está precisando — acrescenta com indelicadeza. 
   — Eu não consigo, minha mente não parece desligar.
   — Ah, mas ela vai desligar — sorri Malu. — Vem, levanta desse chão. Deita aí na cama. Isso. — Ela cobre a amiga com o cobertor. — Eu tenho que ir. O Samuel vai lá em casa — ela faz uma careta.
   — Vocês se acertaram? — pergunta Graziele acomodando-se no travesseiro.
   — Não. A gente vai conversar.
   — Pega leve, tá Malu?
A morena ri e caminha até a porta.
   — Nunca. Ah! — Ela olha para a amiga. — Eu contei pra sua mãe que você saiu com a Mayara e dormiu na casa dela.
Graziele estranha, mas assente.
   — Ok.

Isabela e Vinícius deixam o carro de Evaldo e entram no prédio de Chay com suas malas. 
   — O Evaldo vai ficar lá em casa — ele conta no elevador. — Só que é só a gente ligar pra ele, que ele vem.
   — Entendi.
Eles sobem os andares até o apartamento de Chay e quando saem do elevador encontram o cantor parado logo à porta.
   — Vocês vieram! — fala sorrindo e abrindo os braços para eles.
   — Pai! — Isabela afunda-se no abraço dele.
Vinícius pega a mala de rodinhas dela, a coleira de Nina e se aproxima dos dois.
   — Oi, pai — cumprimenta fazendo carinho nas costas dele e entrando no apartamento.
   — Vem, vamos entrar — Chay guia Isabela para dentro e veja a porta. — Como vocês estão? — pergunta sentando ao lado do filho no sofá.
   — Bem — responde o rapaz recebendo um carinho no cabelo.
   — Melhor agora! — Isabela fala sentando em uma poltrona com Nina no colo.
   — Quem é esse pulguento? — indaga Chay rindo.
   — Essa é a Nina, minha sombra.
   — Pequena igual você — ri o cantor.
   — Nossa, que engraçado o senhor está — ironiza Isabela.

Na hora do almoço, Thiago chega ao estúdio de Fabrício como foi combinado com seus amigos.
   — E aí, gente! — cumprimenta olhando para o dono do estabelecimento, seu sócio e tatuador, Fábio, Bob, assistente dos dois, Rick e Douglas. O último ficou levemente incomodado com a sua chegada. 
   — E aí, Thiago — sorri Fábio indo até ele. — Como anda a vida?
   — Anda tropeçando — ri Thiago. Ele se senta ao lado de Douglas em um sofá e observa ao redor. Todas as bebidas alcoólicas desapareceram assim como qualquer outra droga.
   — A gente tem uma novidade pra contar pra vocês — fala Fabrício dando um sorriso orgulhoso.
   — Que novidade? — pergunta Rick.
   — Você conta ou eu? — indaga Fabrício para Fábio.
   — Conto eu! — acerta Bob e eles riem.
   — Ok, conta aí — pede Fábio.
   — Nós três vamos inaugurar outro estúdio! — vibra.
   — Sério? — surpreende-se Douglas.
   — Não acredito! — ri Thiago.
   — É verdade — confirma Fabrício. 
   — Eu vou ter que fazer uma tatuagem pra comemorar — fala Rick.
   — Pode deixar que você será nosso primeiro cliente — ri Fábio.
   — Eu estou falando de fazer agora!
   — Eita, moço decidido — ri Fabrício e olha para o outro tatuador. — Você faz?
   — Pode ser — responde Fábio.
   — Então bora lá. — Rick levanta e sobe a escada caracol enferrujada. — Não sei onde vou fazer. O que você acha nos glúteos? — ri.
   — Teu c*! — rebate Fábio indo atrás dele.
   — Pode ser também — gargalha Rick.
   — Vou lá ver que merda vai dar — ri Fabrício.
   — Vou contigo — Bob diz e Thiago comenta:
   — Então vamos todos.
   — Espera aí — pede Douglas segurando em seu braço antes que ele levante. — Eu quero dar uma palavrinha com você.
Fabrício e Rick trocam um olhar, ambos pensando na mesma coisa: Ele vai contar sobre Graziele. Os dois acreditam que o casal realmente ficou.
   — Então depois vocês vão — Fabrício fala dando um sorriso amarelado. 

Usando um vestido longo e rasteirinhas, Mel desce de um táxi e vai de encontro a Reinaldo em um aeroporto particular. Logo que ela desce, um funcionário do local se encaminha para pegar suas malas. O empresário está parado ao lado de um jatinho e sorri ao vê-la.
   — Você está linda — diz envolvendo a cintura dela com seus braços.
   — Obrigada — ela sorri de volta passando uma das mãos pela camisa dele. — Eu fiquei surpresa quando soube que iremos de jatinho.
   — Eu aluguei de um amigo, o dono do aeroporto — explica antes de beijar o ombro dela. — Sei que privacidade é algo importante pra você.
   — É mesmo, ainda mais nessas circunstâncias. Aliás, quando crescer, eu quero ter um aeroporto — ri Mel acariciando o cabelo dele.
   — Pra poder pousar seu avião? — pergunta deixando suas mãos caírem pelo corpo dela.
Os dois gargalham. 
   — Está abusadinho, hein? — Mel sorri e beija intensamente seus lábios. O casal permanece trocando beijos e carinhos enquanto os funcionários embarcam seus pertences no jatinho.
   — Vamos? — chama o empresário pegando na mão dela.
   — Vamos!

Assim que fica sozinho com o amigo, Thiago pergunta:
   — O que foi, cara?
Douglas levanta e começa a caminhar pelo espaço, com a mão na nuca.
   — Eu não sei por onde começar.
   — Pelo começo, que tal? — ri Thiago, mas o outro não o acompanha. — Aconteceu alguma coisa? — questiona ficando sério.
   — Ontem eu e a Graziele saímos — começa Douglas.
   — Aconteceu alguma coisa com ela? — pergunta Thiago em estado de alerta.
   — Não, ela está bem — garante o rapaz. — É que... eu não sei como falar isso.
Thiago fica olhando para ele por algum tempo, começando a fazer ideia do que se passa.
   — Vocês ficaram? — questiona diretamente.
   — Não. Mas foi por pouco — acrescenta sem olhar no rosto do amigo.
Thiago respira fundo e fecha os olhos, abaixando a cabeça, enquanto Douglas permanece andando de um lado para o outro.
   — Eu não sei o que fazer — confessa instantes depois. — Eu nunca estive em uma situação como essa. Você é meu parça a tanto tempo e quando eu conheci a Graziele ela era apenas a sua namorada e agora... agora eu estou gostando dela, cara.
   — Você não precisa me dizer nada — fala Thiago. — Eu e a Graziele não temos mais nada.
   — Mas eu sei o quanto vocês são importante um na vida do outro. Eu não quero ficar no meio disso, só que eu e ela estamos nos envolvendo cada vez mais.
   — Eu sei o que você está querendo — Thiago interrompe. — Eu não vou dar autorização pra nada, cara. Vocês são livres pra fazer o que quiserem.
   — Mas você é meu parceiro! Eu não quero passar por cima da nossa vibe por causa de uma mina. Mesmo que essa mina seja a Graziele.
   — Se é o que vocês dois querem, eu não ligo — Thiago dá de ombros. — Podem ficar, se envolverem, o que vocês quiserem. Eu não quero impedir a vida de ninguém.
   — Eu me sinto tão mal com tudo isso — confessa Douglas. — Hoje, mais cedo, quase rolou, mas a gente não conseguiu por causa dessa situação.
   — Viu? É exatamente isso que eu não quero. Não quero ficar impedindo vocês de fazerem algo que os dois desejam!
   — É que vocês ainda se curtem, cara. Todo mundo sabe disso!
   — Não é bem assim — retorque o rapaz. — Se ela ainda gostasse tanto de mim não estaria se envolvendo com você.
   — Claro que não! A Graziele está carente, porque você se afastou dela. Daí aconteceu da gente se aproximar e rolar essa energia entre a gente. Só que é algo totalmente físico, Thiago.
   — Me poupe dos detalhes — pede Thiago erguendo uma mão.
   — Desculpa. É que... é que eu não queria fazer alguma coisa sem que você soubesse. Parece que eu estou te traindo, sabe?
   — Douglas. — Thiago levanta e vai até ele. — Eu sei que você quer ficar com a Graziele e ela quer ficar com você. Pode ir até o fim, de verdade. Eu não vou ficar chateado, nem bolado com você.
   — E com ela?
   — A gente não se fala mais.
Douglas solta um suspiro.
   — Ela sente sua falta, cara.
   — Por favor, não fala mais nada como isso. É muito difícil manter essa distância entre a gente. Eu fico feliz por ela estar melhorando com a sua ajuda. É isso que eu quero, que ela siga em frente. Eu sou um peso morto na vida dela, Douglas.
   — Não fala assim, mano. 
   — É verdade — confirma Thiago. — Eu só te peço uma coisa.
   — O quê?
   — Cuida dela. 
   — Pode ter...
   — Eu estou falando sério, Douglas. Quando você sai... bom, eu não preciso dizer, você sabe o que faz. Eu não me importo de você ficar com a Grazi, mas eu vou ficar incrivelmente p*to se alguma coisa acontecer com ela quando ela estiver com você. 
   — Eu sei. Eu também não quero que nada aconteça com ela e... eu só estou seguindo com isso porque eu sei que não é algo sério. Quer dizer, nós dois não vamos começar a namorar e viver o que vocês viveram. Como eu disse, é algo físico, de atração corporal. Eu jamais deixaria isso rolar se soubesse que a Graziele está se apaixonando por mim. Eu não sou o cara pra ela namorar. A gente só quer curtir essa parada que está pintando agora.
   — Não precisa continuar se explicando, Douglas. Eu sei de tudo isso e... eu fico feliz pela Grazi. Só isso.
Douglas abraça o amigo.
   — Obrigado, mano. De verdade!
   — Não precisa me agradecer.
Eles se afastam e Douglas aponta para o andar de cima:
   — Vamos subir?
   — Não posso, eu só vim pra passar um tempinho mesmo, tenho terapia.
   — Thiago, você...
   — É verdade — mente Thiago. — Eu preciso ir.
Douglas não acredita por completo, mas assente.
   — Ok.
   — Tchau! Deixa um abraço pros caras lá.
   — Beleza.
Thiago vira às costas e deixa o estúdio. Assim que entra no táxi e fala o endereço do condomínio em que mora, abaixa a cabeça e chora silenciosamente.

Malu recebe Samuel em sua casa.
   — Vamos lá pro jardim — chama não o deixando se acomodar no sofá.
   — Ok. — Samuel gira novamente para a porta principal.
Os dois se acomodam em uma sombra do jardim e a morena questiona:
   — O que você tem pra falar comigo?
   — Eu quero colocar os pingos nos is, né Malu?
Ela continua olhando firmemente para ele.
   — Continua ué — fala segundos depois. — Estou ouvindo.
   — Então, eu sei que a minha reação diante do namoro da Mayara foi meio estranha, mas eu queria esclarecer que eu não me importo com quem ela namore, isso não tem a ver com a minha vida. Eu sei que você ficou chateada, porque vocês são amigas, por isso eu te peço desculpas.
   — Eu não fiquei chateada somente porque sou amiga da Mayara, fiquei chateada porque sou uma pessoa totalmente contra qualquer preconceito. 
   — Ok.
   — Só que eu acredito, e espero estar certa disso, que você não é homofóbico. Eu prefiro acreditar nisso do que aceitar que você, um cara tão incrível, seja capaz de ser esse tipo de gente.
   — Você está certa, eu te garanto.
   — Fico aliviada. 
Samuel estica a mão para acariciar a perna dela.
   — Então estamos bem de novo?
   — Estamos — ela dá um sorrisinho. — Espero que você não dê outra bola fora.
   — Não vou dar — promete Samuel.
Eles sorriem um para o outro e se aproximam, dando um beijo acalorado.
   — Posso confessar uma coisa? — pergunta o rapaz.
   — Ai, Samuel, não vai cagar com tudo agora.
Ele ri.
   — Não é isso.
   — Fala.
O rapaz passa o dedão com suavidade pela pele dela.
   — Você fica incrivelmente sexy quando está p*ta, sabia?
Malu ri e dá um beijo no pescoço dele.
   — Você também — ela concorda e o empurra na grama. — Quando não estava brava com você só consiguia imaginar esse seu corpinho magrelo deitado na minha cama.
   — Ele é todo seu — provoca Samuel sorrindo.
Malu deita sobre ele e quando vai beijá-lo sente seu celular vibrar em seu bolso.
   — Espera aí. — Ela se endireita e pega o aparelho. — Oi, Gabriel!
   — Tava bom demais — resmunga Samuel revirando os olhos.

Após ter almoçado com suas amigas, Maísa reúne todas elas em seu segundo quarto. Ela, Laís, Aline e Daniela acomodam-se no tapete indiano, rodeadas por almofadas, e ouvem Aline dizer:
   — Preciso contar uma coisa pra vocês.
   — Que coisa? — pergunta Daniela analisando os livros de Maísa.
Aline abaixa o olhar com tristeza.
   — Eu e o Iago terminamos o que quer que a gente tinha.
Maísa fica de queixo caído.
   — Sério?
   — Por quê? — questiona Daniela.
   — Eu estou cansada, gente — desabafa Aline. — Vocês acompanharam toda a minha saga com o Iago. Ele é inteligente, educado, fofo, mas... a gente quase não namora! Como isso poderia ir adiante se a gente nem pode ficar no quarto dele se beijando em paz? Quando não é a família dele que atrapalha é ele mesmo.
   — Você tem certeza disso, amiga? — indaga Laís.
   — Tenho, quer dizer, não sei. Eu gosto dele, gente, gosto muito! Só que ele tem um jeitinho que dificulta nosso relacionamento.
Daniela vira-se para elas e senta no tapete, apoiando as mãos na mesinha amarela vibrante.
   — Tipo o quê?
   — Esse ladinho nerd. É difícil de explicar! Eu amo o jeito dele, mas ao mesmo tempo odeio. É fofinho quando ele começa a falar de HQs e de filmes, séries, só que as vezes eu não quero ouvir sobre o oitavo filme de Star Wars, eu quero ficar com ele. 
   — Complicado — reflete Maísa deitada no tapete.
   — Já pensou em conversar com ele? — Laís sugere.
   — E falar o quê? Eu não quero pedir que ele mude. Eu gosto dele assim, só que talvez não para ser meu namorado. — Seus olhos lacrimejam. — Só que eu sei que vou sentir falta dele.
   — Oh! — Daniela se arrasta até ela. — Não fica assim, Aline!
   — Isso! — Tanto Laís quanto Maísa se juntam a elas em um abraço coletivo em Aline.
   — Espera aí — pede Maísa levantando e alcançando seu celular na estante. — É o Jonas.
   — Ih! — Laís torce o nariz.
   — Vamos para o próximo drama — Aline dá uma risadinha enxugando as lágrimas.
Maísa ri e sai do cômodo, atendendo a ligação.
   — Oi, Jonas.

   — Deixa eu ver se entendi — fala Malu olhando para uma plantinha ao seu lado. — Você está me chamando para a sua festa de aniversário amanhã? Uma pool party, sem bolo e sem presentes, de tarde, porque a gente tem aula segunda?
Gabriel ri do outro lado da ligação.
   — Exatamente. Quero algo bem tranquilo e favorável!
   — Nossa, cala a boca! — ri Malu.
   — Então, posso contar com o seu lindo corpinho na minha piscina?
Ainda rindo, ela responde:
   — Pode. — Seu olhar cruza com o de Samuel. — Ah, Gabriel, posso levar uma pessoa comigo?
   — Claro. Eu sei que virão várias pessoas de penetras mesmo — ele ri. — Eu espero que essa pessoa que você traga seja a Graziele.
   — Hum — ela fala com malícia. — Por quê? Está interessado nela?
   — Nem estou, é porque eu acho que ou você traz ela ou traz aquele moleque e eu espero que seja ela, obviamente.
Malu ri.
   — Desculpa te decepcionar.
   —  Ah, não, Malu! — reclama Gabriel.
   — Você vai ficar bravo? — ela pergunta. — Vai ficar realmente bravo se ele for?
   — Ah, se você quer ir com ele, o que eu posso fazer?
Malu sorri.
   — Te amo, Gabrielzinho!
Samuel revira os olhos e quando ela desliga, pergunta:
   — O que esse idiota queria com você?
Dando um sorriso radiante, Malu conta:
   — Nós vamos no aniversário dele amanhã!
Samuel ri.
   — Nem pensar!
   — Nem pensar? — Ela engatilha até ele e senta em seu colo. — Nem pensar? — repete dando beijos em seu pescoço. — Você ainda me deve uma, mocinho.
   — Isso jamais, Malu.
   — Ah, Samuel, uma festinha sempre é bom, né?
   — Não a dele.
   — Você não vai realmente? — pergunta sentando ao seu lado com a cara fechada.
   — Malu, desfaz esse bico.
   — É que você só dá bola fora, Samuel! Uma atrás da outra.
Ele suspira e pensa por um tempo.
   — Ok, eu vou — diz com a voz monótona. 
A expressão de Malu muda radicalmente e ela pula no colo dele.
   — Ai, que bom! — Ela morde o queixo dele e Samuel puxa seu cabelo com força.
   — Você é idiota! — Ele ri e dá um beijo de tirar o fôlego nela.
   — Sabe uma coisa que é curiosa — comenta a morena acariciando a nuca dele.
   — O quê?
   — O seu jamais muda bem rápido, né? 
Samuel empurra ela para o lado.
   — Você é ridícula! — Ele se inclina sobre ela e volta a beijá-la. Malu ri entre o beijo e puxa a camisa dele.

Reunidas ao redor da mesinha amarela, Daniela e Laís conversam freneticamente ao lado de Aline para tentar distraí-la. No entanto, é quando Maísa retorna que a jovem realmente para de pensar em Iago.
   — Vocês não sabem o que o Jonas queria — comenta sentando junto delas.
   — O quê? — indaga Aline.
   — Acho que eu já sei — opina Daniela. 
   — Ah, é! — exclama Maísa. — Você vai com o Pedro, né?
   — Vou.
   — Dá pra contar pra gente? — pergunta Laís com curiosidade.
   — Amanhã é aniversário do Gabriel e ele vai fazer uma pool party à tarde — Maísa conta. — O Jonas me chamou pra ir com ele.
   — Desde quando o Jonas e o Gabriel são amigos? — comenta Laís.
   — Eles se aproximaram depois do Jonas ter brigado com o Samuel — explica a loira. — Graças a Jaqueline, porque sempre quando tem uma festa dela os dois vão.
   — Eca! — Aline revira os olhos.
   — Pois é. Acho que eu vou, não sei.
   — Ah, vai — pede Daniela. — Eu não quero ficar sozinha lá.
Maísa ri.
   — Mas você não vai com o Pedro?
   — Vou, só que a gente vai ficar com os amigos dele, né? E eu não gosto dos amigos dele.
   — Exatamente como eu me sinto com o Jonas — ri Maísa.
   — Porque os dois são insuportáveis e andam com gente igual a eles — fala Laís com acidez.
   — Muito amor pra você, priminha.
   — Sabe o que eu andei pensando? — questiona Daniela. — Você poderia ir com a gente, Aline.
A garota ri.
   — O quê?
   — É, você era próxima do Gabriel antigamente, quando estudavam na mesma sala.
   — Sim, mas isso é passado.
   — Assim como é passado que você ficou com um dos amigos dele? — zoa Laís.
   — Que história é essa? — pergunta Maísa com espanto. — Com quem você ficou, Aline?
   — Com ninguém, é história dessa Laís — esquiva-se Aline.
   — História, aham — ironiza Laís. — Ela ficou com o Fernando em uma das festas da fazenda do Chay.
Maísa fica de queixo caído.
   — Sério? O Fernando do terceiro B?
   — É.
   — Você é muito fofoqueira! — Aline dá um tapinha no ombro de Laís.
   — Eu falo apenas verdades — ri a jovem.
   — Então — Daniela retoma —, vamos com a gente, você vai se divertir, esfriar a cabeça.
   — Falar mal dos outros — acrescenta Maísa e elas riem.
   — Até que não é uma má ideia — pondera Aline. — Talvez eu vá, tudo o que eu não preciso é ficar em casa pensando no Iago.
Maísa dá um tapa na mesinha amarela.
   — É assim que se fala!

Depois da curta viagem de jatinho, Mel e Reinaldo pegaram um carro rumo à chácara da mãe dele. A cada quilômetro que fica mais perto da moradia da mãe de seu affair, o nervosismo de Mel cresce.
   — Mel — ele desvia o olhar da estrada para fitar o rosto dela de relance.
   — Oi?
   — Não precisa ficar desse jeito — ele dá um leve sorriso. — É só a minha família, não um monte de tubarões.
Mel ri.
   — Eu sei, é que faz muito tempo que eu não passo por uma situação como essa.
   — Posso imaginar. — Ele afaga o joelho dela. — Mas fica tranquila, tenho certeza de que todos irão gostar de você.
   — Assim espero — sorri a empresária.
Minutos depois, Reinaldo para em frente a uma chácara simples e acolhedora. Mel abre a porta do carro e desce, ficando parada ali, olhando para a fachada da moradia. Reinaldo rodeia o carro e para na frente dela.
   — Você está bem?
   — Bem nervosa — ela dá um sorrisinho.
Ele pega na mão dela e fecha a porta do automóvel.
   — Não precisa ficar assim — volta a dizer. — Eu vou ficar do seu lado a todo momento. — Lentamente, beija cada dedo das mãos dela. — Eu te admiro, te respeito e tenho certeza de que a minha família fará o mesmo, tá bom?
   — Tá bom — sussurra Mel.
Reinaldo sorri e abraça o corpo magro e elegante de Mel. Ela encosta na lateral do carro e envolve os ombros dele.
   — Por favor, não me deixa sozinha — pede com os lábios roçando nos dele.
   — Jamais — ele garante acariciando as costas dela.
Mel sorri e o beija carinhosamente.
   — Preparada? — pergunta Reinaldo dando um selinho na ponta do nariz dela. Ela respira fundo e responde com firmeza:
   — Preparada!
De mãos dadas, eles se afastam do carro rumo à entrada da chácara da mãe de Reinaldo.

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