Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 255: Yasmin e Victor desabafam com os seus pais

Felipe, interpretando o olhar de Isabela, limpa a garganta e diz:
   — Acho melhor a senhora conversar diretamente com a Yasmin, né mãe?
   — Por que vocês estão tentando me esconder o que houve? — questiona Sophia astutamente. 
   — É porque o assunto não é nosso. Sério, mãe, daqui a pouco a Yasmin chega e a senhora conversa com ela. 
   — A sua irmã nem está falando comigo direito.
   — Essa é uma boa razão para vocês se aproximarem — sugere Isabela. 
Sophia olha com atenção para o casal e levanta da poltrona.
   — Ok, não querem contar, não contem. — Ela caminha até a porta, mas para no batente. — Eu só queria pedir uma coisa pra vocês.
   — O quê, mãe?
   — Não encubram ninguém, ok? Nem a Yasmin, nem o Victor, nem ninguém. 
Os dois assentem.
   — Tudo bem — responde Isabela.
   — Pode deixar — Felipe garante. Sophia olha intensamente para eles e sai. 
O casal respira fundo e se olham.
   — Nossa! — exclama Isabela deitando na cama do namorado. — Acho que o Victor está frito, apenas isso. 
Felipe dá um leve sorriso e acaricia a barriga dela.
   — Relaxa, ele vai saber se virar. 
Isabela dá de ombros e encara o rosto de Felipe.
   — Eu nem sei mais o que eu quero que aconteça com ele. Tem horas que eu quero que você dê uma surra nele pra ver se ele acorda e começa a pensar melhor nas palavras que usa, mas daí eu lembro que violência não leva nada e não resolveria. Tem horas que eu lembro o quanto eles são bonitos juntos e só quero que eles se acertem.
Felipe inclina-se sobre a namorada e dá um beijo curto nos lábios dela.
   — Eu topo a ideia da surra.
Isabela ri e aperta o queijo dele.
   — Seu bobo.
O rapaz deita sobre ela e eles começam a se beijar com ternura. 

Brian não se intimida pelo olhar extremamente frio de Victor e comenta:
   — Dizer a verdade agora é passar dos limites? Porque eu só disse verdades. 
   — Verdades que você acredita.
   — Qualquer um que observe você pode chegar a essa conclusão. O que levaria você a quase partir para cima de mim por causa de uma garota? Ciúmes. — Ele dá um leve sorriso e olha para Marina. — Eu não sabia que ele era inseguro. 
Victor descontrola-se e dá um empurrão em Brian, que bate as costas no balcão. Marina solta um gritinho de espanto e pede:
   — Gente, vamos parar com isso!
   — A Yasmin é uma garota fantástica, Victor, parece que as vezes você se esquece disso — diz Brian recuperando-se do choque contra o granito. — Eu entendo o seu lado, quando eu e a Marina namorávamos, ela se parecia um pouco com a Yasmin — a garota franze a testa ao perceber o rumo da discussão —, acontece que eu estava disposto a ficar com ela por suas qualidades e também por seus defeitos.
Victor começa a rir.
   — Você está querendo dizer que eu só estou com a Yasmin pelas coisas boas?
   — Parece que sim! Ela tem defeitos, todos nós temos e se você gosta realmente dela, deveria ficar ao lado dela em todos os momentos.
   — Nossa, você já pode virar psicólogo — debocha Victor e Brian enfurece-se. 
   — Eu estou apenas tentando abrir os seus olhos, car*lho! Talvez assim você pare de fazer esse papel ridículo. 
   — Gente! — pede Marina, mas os loiros ignoram ela.
   — Eu não preciso dos seus conselhos para nada! — berra Victor. — Eu não quero você se intrometendo no meu relacionamento. 
   — Eu estava conversando com a Marina, quem se intrometeu em algo aqui foi você.
   — Porque você estava falando de mim. Eu não quero o nome nome nem o da minha namorada na boca de um merdinha como você.
   — Victor, para! — pede Marina soltando o balcão atrás de si para se aproximar deles. 
   — Eu não permito que você me chame assim! — Brian devolve o empurrão que recebeu e Victor afasta as mãos dele.
   — Não toca em mim! 
O irmão de Marina fecha o punho e acerta um soco no maxilar de Brian, fazendo Marina parar onde está para não se machucar. Brian dá uma joelhada no abdômen de Victor em resposta e Marina fica assustada.
   — Parem vocês dois! — ela pede em inglês aos berros, tentando aproximar-se, mas com medo de se machucar com os fortes socos. — Parem, por favor! Parem!
   — Ei! Ei, ei, ei! — exclama Arthur entrando correndo na cozinha. Ele passa os braços pelo o do filho e o afasta de Brian. Marina corre para segurar o ex-namorado, posicionando-se entre os dois loiros. 
Victor é jogado para o lado pelo pai e se apoia em uma cadeira, respirando ofegante. 
   —  Que p*rra era essa que estava acontecendo aqui? — questiona Arthur com fúria. 

Breno apoia sua testa na de Yasmin e respira ofegante juntamente com ela. Eles abrem lentamente os olhos e se olham. Yasmin acaricia o rosto dele com uma das mãos e dá um leve sorriso antes de afastar o rosto. 
   — A gente não quer fazer isso — diz baixinho olhando para o mar.
   — Não queremos — repete Breno seguindo a direção do olhar dela. Eles ficam em silêncio e Yasmin apoia a cabeça no ombro dele, fechando os olhos e tentando não pensar em absolutamente nada.

Sozinha na sala do casarão de Luciana, Jaqueline fecha sua mochila com seus pertences. A sensação de estar sendo observada invade o interior dela e ela olha ao redor, encontrando Gabriel parado no batente da porta principal.
   — O que você está fazendo parado aí?
   — Te observando — ele responde com simplicidade.
Jaqueline olha diretamente nos olhos dele e é como se tivesse nessa fração de segundos uma avalanche de memórias de quando eles namoravam.
   — Gabriel, Gabriel — ela cantarola desviando o olhar.
   — O que foi? — Ele ri e se aproxima dela.
   — Nada. 
Gabriel coloca uma mão nas costas dela e Jaqueline volta a encará-lo. Ela se endireita e dá um abraço nele, bastante apertado e demorado para uma simples despedida.
   — Tchau — diz no ouvido dele.
Gabriel faz um carinho nas costas dela.
   — Tchau!
Jaqueline coloca a alça de sua bolsa no ombro e caminha até a porta. 

Algumas horas se passam e Mel e Reinaldo decidem ir embora do café rústico que eles estão, um pequeno negócio na saída da cidade. Os dois apoiam-se na lateral do carro dela e Reinaldo comenta:
   — O tempo fica tão agradável quando eu estou com você. 
Mel dá um sorriso bobo e concorda:
   — Com você é a mesma coisa. Sem contar que o tempo passa voando.
   — Eu tinha um professor de matemática que dizia que o tempo passa voando quando a gente se diverte. — Eles riem e o empresário chega mais perto de Mel, tocando de leve na mão dela.
   — Com certeza as vezes que nós estamos juntos é mais divertido do que uma aula de matemática. 
Os dois gargalham e ficam sérios aos poucos, porém sem desviar o olhar. Lentamente, Mel e Reinaldo vão aproximando os seus rostos. Ela fecha os olhos e deixa que os seus lábios conduzam-se até os de Reinaldo. Ele coloca as mãos na cintura dela e a beija com carinho e graciosidade. 

Após chamar Victor em seu quarto e Brian no de Marina, Arthur reúne-se com os adolescentes em seu escritório. Com todos mais calmos, eles conversam com mais tranquilidade, no entanto os jovens nem se olham.
   — Pouco me importa os motivos que levaram vocês dois àquela situação — diz o cantor e ator. — Eu não consigo acreditar que vocês dois, que praticamente foram criados juntos, saíram no soco. Sério! — Ele olha para Brian. — Eu te acolhi aqui na minha casa, Brian, como um filho. Sempre te respeitei e fui gentil com você e como você retribuiu? Brigando com o meu filho. 
O americano não tenta argumentar, apenas abaixa a cabeça envergonhado. Ao contrário dele, Victor permanece com queixo erguido e com expressão impetuosa quando Arthur olha em sua direção.
   — E você, Victor? Meu próprio filho, saindo no soco com um hóspede? Eu estou muito desapontado! Pen...
   — Eu tive os meus motivos — interrompe Victor.
   — Nada justifica você ter saído no soco com o Brian! Isso é inadmissível. 
   — Pai, o senhor não sabe o que aconteceu.
   — E nem quero saber! — corta Arthur. — Eu não admito nenhum tipo de agressão dentro da minha casa, Victor. 
   — Desculpa, Arthur — pede Brian olhando para ele.
   — Eu vou te desculpar, mas espero que isso não aconteça novamente.
   — Não acontecerá — garante o americano e Victor comenta consigo mesmo:
   — Basta ele não falar mais de mim. 
Como ele não se preocupou em falar baixo, todos ouviram.
   — Victor — censura Arthur. — Eu não vou repetir. 
   — Ele estava fofocando sobre mim e a Yasmin, pai! — conta Victor em tom de indignação.
   — A Marina estava me contando algo — corrige Brian.
   — Eu não quero saber o que aconteceu! — Arthur cala os dois. — Não me importa quem está certo ou errado, quem começou ou não. Os dois brigaram, eu vi! Sendo assim, os dois merecem ouvir do mesmo modo. Fui claro?
   — Sim — responde Brian e Victor olha para a janela.
   — Fui claro, Victor? — repete Arthur para o filho.
   — Foi — responde o loiro de má vontade. 
   — Ok. — Arthur olha para Brian. — Você pode nos dar licença?
   — Claro. — Brian levanta e sai do cômodo sem olhar na direção de Victor. 
Arthur cruza os braços e diz para Victor:
   — Agora vamos ter uma conversa. De pai para filho. 

Os fios dourados do cabelo de Yasmin estão presos em um coque no alto de sua cabeça e progressivamente seus músculos são relaxando conforme a pele dela acomoda-se na água morna da banheira de seu quarto. Com os olhos fechados, ela não vê a chegada de Sophia, porém sente a presença de alguém. 
   — Posso entrar? — pergunta a empresária parada à porta. 
   — Pode — responde Yasmin endireitando-se. 
Sophia morde o lábio, escolhendo com cuidado as palavras, e senta no tampo do vaso sanitário. Com os olhos pregados no rosto da filha, ela questiona com preocupação:
   — O que está acontecendo com você, filha?
Diante da simples, mas direta pergunta da mãe Yasmin não consegue controlar o fluxo de lágrimas que surge em seus olhos. O choro que parecia não estar à vontade para sair desde a discussão com Victor, praticamente afoga a adolescente tamanha a sua intensidade. 
   Sophia levanta apressadamente e se ajoelha ao lado da banheira.
   — O que foi, Yasmin?
A loirinha tenta combater as lágrimas, mas acaba soluçando involuntariamente. 
   — E-eu não sei — diz após alguns minutos. 
   — Aconteceu alguma coisa entre você e o Victor, né? — Sophia tenta ser o mais suave com as palavras possível e ela assente. — Quer contar pra mim? 
   — Eu só quero matar o Victor! — exclama Yasmin com raiva e dá um soco na água, espalhando bolhas de sabão para todos os lados, deixando Sophia espantada.
   — O que foi que houve? 
   — Ele me chamou de criança, mãe. — Ela se engasga com o próprio choro. — E disse coisas horrorosas pra mim. 
Vendo o estado da filha, que raramente se comove com algo, e ouvindo os seus relatos, Sophia passa a sentir irritação por Victor.
   — Vocês brigaram mesmo? 
   — Sim. Eu não esperava ouvir aquilo do Victor, mãe. Não mesmo! Assim, a gente sempre é sincero um com o outro e não somos os mais sutis com as palavras, mas dessa ele pegou pesado. Não precisava falar daquele jeito! Eu quero matar aquele moleque. — Ela ameaça socar a água novamente e Sophia segura em seu pulso.
   — Fica calma, filha! Olha, lembra daquilo que eu te falei, talvez seja bom vocês darem um tempo, você se dedica aos seus estudos...
   — Mãe! — interrompe Yasmin. — Sério que a senhora vai vir com esse papinho de novo?
   — Eu só quero ficar sozinha.
   — Yasmin...
   — Por favor. 
A empresária respira fundo e levanta, encaminhando-se para a saída. No entanto, ela para e dá meia volta.
   — Eu não vou sair.
   — Mãe, eu estou te pedindo — fala Yasmin com a voz aguda.
   — Eu não vou deixar a minha filha sozinha nesse momento. Não adianta dar chilique!
A loirinha respira fundo e abaixa a cabeça. 

Depois de ter chegado da reunião na casa de Luciana, Samuel foi encontrar-se com Malu em um quiosque no centro. O casal come enquanto conversa e gargalha.
   — Ah! — exclama o rapaz. — Eu vi um aplicativo que me lembrou de você.
   — O quê? — Malu ri.
Samuel tira o celular do bolso e desbloqueia a tela, explicando:
   — É um aplicativo que você digita o nome do remédio e descobre se ele tem o componente que você é alérgico. — Ele olha atentamente para ela. — Assim não corre o risco de você ter choque anafi... anafi...
   — Anafilático — ajuda Malu e dá um sorriso repleto de carinho. — Isso foi legal da sua parte.
   — Eu sou legal. — Samuel dá um sorriso angelical e pisca os olhos com rapidez, provocando uma crise de risos em Malu. 
   Após se recuperar, ela pega o celular da mão dele e anota o nome do aplicativo.
   — Obrigada — diz com sinceridade. — Agora eu percebi que você se importa comigo.
Samuel ri.
   — Claro que eu me importo com você. — Ele dá um beijinho no ombro dela e morde em seguida.
   — Ai, Samuel!
   — O quê? Você me deixou todo vermelho e roxo — ele sorri.
Malu passa os dedos pela coxa dele e sussurra em seu ouvido:
   — Eu posso, mas você não. 
   — Você não é feminista? — ele indaga dando beijos no maxilar dela. — Direitos iguais.
Malu ri e vira o rosto para beijar a boca dele. 
   — Então — ela diz após o beijo —, como foi a tarde na casa da Luciana?
   — Você se interessa? — Samuel ri.
   — Estou apenas tentando ser sociável, ok?
O rapaz aperta o joelho dela e responde:
   — Foi legal, tirando o fato do Gabriel ter estado lá. 
   — O Gabriel foi? Hum, deveria ter ido então — provoca Malu e ele revira os olhos.
   — Idiota. 
Malu ri.
   — Deixa eu ver se entendi. Estavam você, o Gabriel e Jonas em uma mesma piscina e ninguém saiu afogado? Milagre!
Samuel dá um leve sorriso.
   — O Jonas não foi, parece que ele está com problemas sérios em casa.
   — Que problemas?
   — Não sei — responde Samuel. 
A morena fica observando ele, que gira o paliteiro lentamente na mesa com a expressão endurecida.
   — Você se interessa? — ela repete a pergunta que ele fez a ela.
   — Como?
   — Pelo o que está acontecendo com o Jonas.
O rapaz dá de ombros.
   — Ah, eu conheço e gosto da família dele, né? Fico me perguntando o que deve ter acontecido com eles. 
   — Por que você não pergunta pra ele?
Samuel respira fundo e deixa as mãos caírem por sobre as pernas.
   — Por que você sempre insiste nisso? Nem gostar do Jonas você gosta.
Malu passa a mão pelo cabelo dele enquanto responde:
   — Eu odeio o Jonas, mas eu vejo o quanto vocês são amigos. É tipo a Laís e a Maísa, mesmo não indo muito com a cara da Maísa eu não quero que elas briguem. 
Samuel dá um leve sorriso.
   — Você e a Maísa inda não voltaram a se falar direito? 
   — Não depois de vocês terem ficado enquanto eu estava internada com choque anafilático.
   — Não precisa dizer, eu sei o motivo.
   — A verdade te afeta? — provoca Malu.
   — Afeta — ele responde olhando para ela. — Eu me arrependo do que fiz, então ouvir você pronunciar o meu erro, me afeta sim. 
   — Continuar sem falar com o Jonas não te afeta? 
Samuel suspira e coloca as mãos na mesa.
   — Vamos parar de falar nisso? Você viu como a conversa tomou um rumo totalmente pesado depois que a gente começou a falar dele. 
Malu demora para responder, mas dá de ombros e assente.
   — Tudo bem. 
Samuel, não querendo ficar com uma barreira entre eles, apoia a cabeça no ombro dela e dá um beijo em seu pescoço. Malu entrelaça os seus dedos nos dele e instantes depois eles estão trocando beijos e carícias novamente. 

Victor respira fundo e cruza os braços, encarando profundamente o pai, que diz:
   — O que houve entre você e a Yasmin? 
   — Pai, eu não quero falar sobre isso — pede o loiro. 
Arthur senta ao lado dele e coloca uma mão em seu ombro. 
   — Eu quero saber, filho. Eu sou seu pai e quero saber sobre a sua vida e eu sei que a Yasmin é importante na sua vida nesse momento. 
Victor descruza os braços e passa a mão no cabelo. 
   — A gente está brigado. 
   — Por quê? Me conta desde o começo. 
O loiro suspira e abre o seu coração para o pai:
   — Eu estou muito chateado com a Yasmin. Muito! Tudo começou ano passado, quando eu conheci e fiquei com uma menina lá na fazenda quando ainda estava começando a me envolver com a Yas. Eu cheguei a ir para o quarto da garota...
   — Vocês transaram? — interrompe Arthur.
   — Não, por causa da Yasmin. Eu lembrei dela na hora e voltei atrás. Cheguei a contar pra ela tudo o que aconteceu e a gente passou por cima disso. 
   — E qual foi o problema de agora?
   — Acontece que essa menina começou a estudar lá no colégio esse ano, na nossa sala, e eu não contei pra Yasmin que foi ela a garota em questão. 
   — Hum — Arthur compreende. — A Yasmin descobriu agora e ficou brava?
   — Exatamente — responde Victor. — Ela descobriu e a gente discutiu. Só que hoje, eu fui lá no set de filmagem da campanha da MelPhia e a gente brigou de novo. Eu acabei falando demais, quer dizer, eu falei verdades demais na cara dela. 
   — Victor — Arthur suspira consigo mesmo e passa a mão na testa. — Possa imaginar o jeito que você falou com ela.
   — Eu só fui sincero! A gente é assim um com o outro, mas eu acho que passei do ponto. Tipo, ela sempre rebate o que eu digo e dessa vez ela congelou. 
   — Victor, Victor — cantarola Arthur. — Por que você não tomou cuidado com as palavras? Quantas e quantas vezes eu te falei pra pensar antes de falar?
   — Agora todo mundo vai ficar contra mim por que eu digo o que eu penso? 
   — Não é isso e você sabe muito bem. É como você diz, pelo o que você disse a Yasmin deve ter ficado magoada.
   — É que eu já estou cansado, pai! Ela tem se comportado como uma criança ultimamente.
Arthur ri e o rapaz estranha.
   — Vamos ser francos, Victor? A Yasmin sempre foi imatura e você nunca se importou com isso. 
   — É que parece que agora ela está passando dos limites. Ai, pai, está confuso pra mim!
   — Sabe o que está acontecendo? Agora a Yasmin está sendo imatura com você, antes eram vocês dois contra o mundo e agora vocês estão entrando em conflitos e você pode ver como a Yasmin realmente é. Ela não está passando dos limites é que agora você está de fora e pode ver como ela é. — Ele dá um leve sorriso. — Pra falar a verdade, filho, você não é muito diferente dela.
   — Fala sério, pai!
   — É sério. Você também precisa amadurecer muito na vida. 
Victor revira os olhos.
   — O que o senhor acha que eu devo fazer?
   — Conversar com a Yasmin. 
   — Acontece que eu não sei se quero conversar com ela. 
   — Então termina o namoro.
   — Eu também não quero isso. Eu gosto dela!
   — Então você prefere ficar nessa distância, sem um falar com o outro. Muito maduro da sua parte — ironiza o cantor.
   — Pai? 
   — É sério. Você está cobrando uma atitude dela que nem você está tendo. Quer agir como uma pessoa madura, então chama a Yasmin, diz que você agiu errado por ter falado com ela da forma que falou e peça para que ela também entenda o seu lado. 
   — Ela não consegue entender o meu lado.
   — Você já tentou conversar com ela? — Victor abre a boca para responder, mas Arthur não deixa. — Conversar de verdade, não bater boca. — O loiro cala-se e ele prossegue: — Pois é, se eu fosse você tentaria isso. 
Victor assente.
   — Ok, vou seguir o seu conselho. — Ele tenta levantar, mas Arthur segura em seu pulso. 
   — É importante você entender uma coisa sobre relacionamentos, filho. Vão ter vezes que você está certo, mas você vai ter que abrir mão da razão para ficar ao lado da pessoa, entende? Nunca se esqueça que vocês são um casal, vocês têm que estar juntos e não um contra o outro como em um cabo de guerra. Compreende?
As palavras de Arthur fazem Victor refletir.
   — Entendo — ele diz com sinceridade e dá um leve sorriso. — Obrigado, pai. Você me fez ver coisas que eu não estava conseguindo enxergar sozinho.
   — Tudo bem. Se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo.
   — Ok.
   — Só não brigue com o ex da sua irmã. 
Victor ri e assente.
   — Tudo bem. — Ele levanta e sai do escritório com uma concepção totalmente diferente sobre sua situação com Yasmin. 

Sentado no tapete de seu escritório, Micael escreve em um bloco de papel. A porta abre-se e sua esposa entra no cômodo e se surpreende com o modo dele.
   — O que você está fazendo aí?
   — Compondo — responde o empresário com simplicidade.
   — Ah — ela caminha até ele e não se preocupa em fechar a porta. — Eu estou querendo conversar com você.
Micael olha da esposa para o seu bloquinho e volta a encará-la.
   — Agora, amor?
Sophia senta em uma poltrona de frente para ele e de costas para a entrada.
   — É sobre a nossa filha.
Micael suspira e fecha o bloco. 
   — O que foi? Aconteceu alguma coisa durante as gravações da campanha?
   — Sim, mas nada que afetasse diretamente à campanha, mas sim a Yasmin.
   — O que aconteceu?
   — Ela e o Victor estão passando por um momento complicado e eles discutiram no camarim. Parece que ele foi bem grosseiro com ela. 
   — Isso não é normal na idade deles, Sophia?
   — Não sei, quando a gente começou a namorar não éramos assim.
   — A personalidade deles é diferente da nossa. Bem diferente. 
   — Eu sei que eles são mais esquentados, mas a Yasmin está sofrendo e eu não quero ver a minha filha passar por isso. Eu sei que para nós pode parecer só mais uma briguinha adolescente, mas para ela é algo muito sério. 
   — Eu compreendo, mas é importante ela passar por isso. A Yasmin precisa crescer e isso faz parte do amadurecimento.
Yasmin, que saiu do seu quarto para ir até a cozinha, para no corredor ao ouvir o seu nome sendo pronunciado por seu pai. 
   — Eu sei, mas... eu não sei se esse relacionamento com o Victor está sendo saudável para ela. Eles são muito intensos, Micael, e ela está se machucando. 
Ao constatar que os seus pais estão conversando sobre o seu relacionamento com Victor, Yasmin aproxima-se da porta e se encosta na parede para ouvir melhor.
   — Amor, é normal passar por isso na fase deles — argumenta Micael.
   — Eu sei, só não quero ver a Yasmin sofrer por causa de um moleque. Eu sou mãe, isso é natural!
   — Eu te entendo, você acha que eu gosto de ver a minha princesinha mal por causa de um garoto? Claro que não! Só que eu estou tentando afastar o meu lado emocional e pensar com o racional. Ela é uma adolescente, está passando por uma fase de mudanças e isso faz parte. 
   — Eu só acho que esse relacionamento está sendo muito desgastante para ela. 
Micael arrasta-se até a mulher e pega em suas mãos.
   — Sophia, eles já estão juntos por alguns meses. Lembra de como eles eram quando se conheceram ano passado? Eles até que amadureceram bastante. Sem contar que isso é passageiro, é só o primeiro namoro da Yasmin.
No corredor, a loirinha franze a testa, repudiando o modo como o pai trata o seu namoro. 
   — Quando a gente se conheceu tínhamos praticamente a idade deles — lembra Sophia. — Eles podem muito bem ficar juntos igual a gente. 
Yasmin assente, concordando com a mãe, e dentro do escritório Micael solta um suspiro.
   — Eles são diferentes da gente. 
   — Sim, mas tudo pode acontecer. Eu não quero que ela fique passando por isso o resto da vida. Ou eles se acertam e param com essas infantilidades ou é melhor terminar. 
   — Amor, eles precisam curtir o momento, aproveitar enquanto o Victor ainda está aqui. 
   — Micael? — repreende Sophia. — O rapaz é jovem, não vai morrer agora. 
Ele ri.
   — Não era disso que eu estava falando.
   — Como assim?
Yasmin apura ainda mais os ouvidos para não perder nenhuma palavra da resposta do pai. 
   — Eu e o Arthur estávamos conversando semanas atrás sobre a adaptação dos gêmeos e eu falei que eles estavam se saindo muito bem, mas me preocupava os vestibulares, afinal de contas eles não sabem o suficiente para passar em uma boa faculdade. 
   — E daí?
   — O Arthur me disse que isso também preocupava a ele, mas o que o tranquilizava é que tanto a Marina quanto o Victor já tinham demonstrado interesse por fazer uma faculdade nos Estados Unidos. 
   — Como é? — Sophia franze a testa.
   — É por isso que eu estou te falando que a Yasmin e o Victor devem aproveitar o máximo de tempo que eles têm. É horrível pra mim como pai dizer que a minha filha tem que aproveitar o tempo com um marmanjo, mas se é o que faz ela feliz... — Ele dá de ombros. — Agora você entende, Sophia? Eles precisam se curtir bastante, porque daqui ao máximo seis meses o Victor estará embarcando de volta para os Estados Unidos. 
Mais uma vez no dia Yasmin paralisa ao ouvir certas palavras, dessa vez vindas de seu pai. Seu olhar está fixo no chão e seu cérebro tenta processar e compreender o peso das palavras de Micael. 

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