Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 253: Yasmin e Isabela gravam campanha Do Jeito Que Eu Sou

A sexta-feira e o final de semana passam com calmaria na vida dos adolescentes e seus pais. Durante o café da manhã, na segunda-feira, Isabela e Mel conversam à mesa. O outro filho da estilista chega minutos depois à sala de jantar com o rosto amassado de sono, mas os olhos, como de costume, transmitindo alegria e serenidade. Ele cumprimenta a mãe e a irmã com um beijo no topo da cabeça de cada uma e senta diante de Isabela em tempo de ouvir o lembrete de Mel para a garota:
   — Hoje à tarde, nós vamos gravar a campanha, ok?
Isabela engole o crepe que está comendo e confirma:
   — Ok. Estou ansiosa. 
   — Eu também, estamos organizando uma superprodução.
Vinícius beberica um suco de melancia e opina:
   — Aposto que vocês vão arrasar. 
Mel sorri e afaga a mão dele sobre a mesa.
   — Obrigada, meu amor. Aliás, se o senhor quiser aparecer por lá, está convidado. 
   — Oba! — O rapaz coloca uma torradinha de bacon na boca e ri. 

Minutos depois, já nas dependências do colégio, os jovens conversam espalhados em grupos pelo colégio antes do primeiro sinal tocar. 

Dentro da sala, Marina e Vinícius dividem espaço na mesa dele enquanto Victor ocupa a mesa dela defronte para Isabela, que está sentada em sua própria mesa ao lado de Yasmin, que ocupa a cadeira desta, ao passo que Felipe está encostado em sua mesa. A ex-líder de torcida alcança sua garrafinha por detrás do irmão e pula da mesa.
   — Alguém quer que eu encha? — indaga olhando para os colegas.
   — Eu! — exclama Isabela e entrega sua garrafinha para a cunhada. 
   — Mais alguém? — questiona Marina e recebe o silêncio dos outros como resposta. — Ok. 
Ela sai da sala e caminha com leveza até o bebedouro. 
   Em um banco bem próximo a ele, Luciana ouve os relatos de Jaqueline, que não se preocupa em abaixar o tom de voz, de modo que Marina, que enche as garrafinhas, passa a ouvir também. 
   — Sério, ele é um dos garotos mais incríveis que eu já conheci nos últimos tempos — fala a loira. — Talvez o mais. 
   — O Brian parece ser muito legal mesmo — opina Luciana.
   — Ele é! — sorri Jaqueline. — Ele faz com que eu me sinta única e especial, sabe? É raro encontrar uma pessoa assim. 
   — Nos dias de hoje, é mesmo.
   — Pois é, é uma pena que ele não more aqui.
   — Ah, pelo menos vocês estão aproveitando cada minuto das férias dele aqui no Brasil. Quer dizer, quando ele não está com a Marina e o pessoal lá. 
Jaqueline assente. 
   — É. Eu até queria passar mais tempo com ele, sabe? Mas eu entendo, afinal ele veio aqui pra ver ela? — ri a loirinha.
Marina fecha a garrafa de Isabela, pega a sua e se afasta, deixando Jaqueline, Luciana e a conversa delas para trás. Ela caminha de volta para a sala, porém com passos mais pesados. 
   Ao chegar no grupo com os seus amigos, entrega a garrafinha de Isabela para a dona e se senta novamente ao lado do namorado. A mão de Vinícius surge em sua frente e ela abaixa o olhar para os dedos dele, que seguram um bilhetinho dobrado. 
   — O que é isso? — ela pergunta olhando para o rapaz. 
   — Pra você — Vinícius responde sem conseguir esconder um sorriso carinhoso. 
Marina sorri, apenas por ter visto o sorriso dele, e pega o papel, encontrando uma fórmula matemática com uma frase:

9x - 7i > 3 (3x - 7u)

Isole o "i"

   — O que é isso, Vini? 

   — Resolve — ele pede.

Marina sorri novamente e olha para o papel, preparando-se para resolver mentalmente, no entanto Vinícius coloca a mão sobre o papel.

   — Resolve com um lápis. 

   — Por quê?

   — Porque mentalmente não vai ter graça.

Marina acha estranho o pedido dele, mas acata e pega um lápis, resolvendo a equação:

9x - 7i > 9x - 21u

9x - 9x - 7i > - 21u

- 7i > - 21u

7i < 21u

i <  21u / 7

i < 3u

   — Pronto — ela diz olhando para o namorado. 

   — Olha bem para o resultado — pede Vinícius.

A morena observa o papel com atenção e sorri apaixonadamente ao entender a mensagem dele. Ela risca com o lápis a folha, repetindo o resultado, porém dando mais detalhe para a separação entre os algorismo:

i <3 u

   — I love you too — fala dando um selinho nele. 

Vinícius dá um beijo no ombro dela antes da garota virar-se para os amigos, esticando o papel, e falar:

   — Olhem o que o Vinícius fez pra mim.

Os quatro esticam-se para olhar o papel enquanto Vinícius corrige:

   — Eu vi na internet, daí como você ama matemática, pensei em fazer pra você. 

Marina sorri ainda mais e beija o namorado.

   — Meu lindo. 

Os outros quatro ignoram a troca de afeto, pois estão concentrados olhando o papel. Felipe, Victor e Isabela logo entendem e sorriem, Yasmin demora mais alguns segundos, mas quando compreende, exclama:

   — Que fofo, Vini! Só você mesmo. 

Todos sorriem e Victor olha de relance para a namorada antes de voltar a fitar o papelzinho dobrado nas mãos de Marina. 

Não muito distantes do grupo, Malu e Mayara conversam. A morena estica o braço para tocar em um pulseira artesanal no braço da outra.

   — Bonita a sua pulseira.

   — Valeu — responde Mayara e conta com um sorriso no rosto: — É um presente da Vanessa. Simboliza o nosso relacionamento.

   — Relacionamento?

   — Eu e a Vanessa estamos namorando. 

Malu arqueia as sobrancelhas e entreabre levemente a boca.

   — Sério? — indaga após alguns segundos.

   — Sim! — responde Mayara sorridente.

Recuperada da surpresa, Malu sorri e diz:

   — Caramba! Fico feliz por vocês. 

   — É, demorou, mas a gente assumiu que gostamos mais do que amigas uma da outra. 

Malu assente e continua sorrindo. 

As aulas têm início, porém os tempos de inglês, matemática e sociologia passam rápidos e logo os jovens saem para o intervalo. Os seis filhos dos ex-rebeldes dividem uma mesa na lanchonete, cada um comendo algo diferente. Yasmin levanta segurando sua torta de palmito e fala para o irmão:

   — Vou ali conversar com as meninas, cuida do meu celular, tá? Ele está sem capinha hoje. 

Felipe olha para o iPhone dela sobre a mesa e assente.

   — Ok. 

A loirinha afasta-se da mesa, saindo da lanchonete para se juntar a umas garotas do segundo ano, e Felipe toma nas mãos o celular dela. 

   —  Tão fininho e frágil sem capinha — comenta com os amigos. — Seria uma pena se... — Ele joga o celular para cima e Isabela, ao seu lado, prende o ar. Contudo, o moreno pega o celular novamente quando este desliza para baixo pelo ar. — Assustou agora, né? — brinca Felipe com a namorada.

   — Idiota — resmunga Isabela bebendo suco. 

Felipe começa a brincar de jogar o aparelho para cima e Marina alerta:

   — Para de brincadeira, você vai acabar quebrando o celular da garota. 

   — Tá com medo também, Marina? — Ele olha para o gêmeo dela, que está relaxado em uma cadeira de frente para ele. — Toma, Victor!

O celular de Yasmin voa pelo ar e vai parar nas mãos do namorado dela. Marina revira os olhos e volta a comer o seu enroladinho de legumes, falando:

   — Depois não diz que eu não avisei. 

Victor e Felipe ficam jogando o celular da filha de Micael de um lado para o outro da mesa.

   Em certo momento, Malu chega juntamente com Mayara à mesa. Ela se agacha ao lado de Marina e troca algumas palavras com ela enquanto Mayara coloca uma mão no ombro de Victor. O loiro, por sua vez, joga o celular de Yasmin para Felipe, dizendo:

   — Peraí. 

Todavia, devido ao burburinho do espaço e às conversas de Marina e Malu e Isabela e Vinícius, Felipe não ouve e ao receber o celular da irmã, joga novamente para o brasileiro-americano. Victor, que se virou para conversar com Mayara não vê quando o celular vem em sua direção, somente sente o aparelho passar de raspão por seu rosto e cair ao chão. 

   Isabela e Vinícius ficam mudos, Felipe arregala os olhos e Victor olha por sobre o ombro, enxergando o iPhone dourado de Yasmin virado de cabeça para baixo no chão da lanchonete. Os slippers pretos com spikes de Yasmin surgem no campo de visão dele e lentamente, o loiro ergue o olhar, visualizando a namorada encarando o irmão com as mãos na cintura. 

   — Você não arremessou o meu celular de propósito, né? — questiona Yasmin com a fúria contida. 
   — Não — responde Felipe com sinceridade —, era para o Victor pegar. 
Isabela sacode a cabeça e coloca uma mão na testa. O olhar de Yasmin vai até Victor e ela constata a mão de Mayara no ombro dele antes de falar:
   — Então vocês estão jogando o meu celular de um lado para o outro? — Antes que Victor possa responder, ela caminha até o aparelho no chão e resmunga: — Eu não sei qual é a demência de vocês, sério. 
Todos, absolutamente todos, ficam sem ar quando Yasmin pega o celular do chão. 
   A tela do iPhone está totalmente destruída, rachada em diversas partes. Vinícius desvia o olhar da tela para o rosto da amiga, que está pálido feito papel. 
   Yasmin olha com desprezo para Felipe e Victor, demorando uma fração de segundos a mais no namorado, e sai da lanchonete em silêncio.
   — A Yasmin ficou tão p*ta que nem fez barraco — conclui Malu. 
Marina termina de comer o seu enroladinho e diz:
   — Eu avisei. 
   — É, avisou — Felipe resmunga e recebe um tapa de Isabela. 
   — Vocês são muito, mais muito otários! — ela exclama olhando para o namorado e para Victor. 
   — Ela pode consertar ou comprar outro, né? — pondera Mayara.
   — A Yasmin ganhou esse celular do pai dela de aniversário — conta Vinícius. — E prometeu que iria ficar com ele pelo menos um ano.
   — Ah, ela ficou — fala Victor e Isabela fica enfurecida pela calma dele.
   —  Victor, por acaso você não sabe quando a sua namorada faz aniversário? Ou pelo menos, não percebeu que ainda não teve nenhuma festa para ela? 
Mayara surpreende-se com o jeito raivoso com que Isabela fala com Victor, pois nunca viu a garota falando assim com ninguém. 
   — Óbvio que eu sei — responde Victor. — Dezessete de setembro. 
Isabela ri com incredulidade e Vinícius diz baixinho:
   — Dezenove. 
   — Dezenove — corrige Victor.
   — Você é impressionante — fala Isabela com acidez e sai da mesa. 
   — Uau! — exclama Mayara. 
   — Normal — fala Victor. — Ela só me trata desse jeito. 
   — Talvez você mereça — opina Marina e olha novamente para Malu. — O que você estava falando?
   — Eu quero te perguntar, saber... a gente conversar a sós? — questiona Malu.
   — Tá. — Marina troca um breve, mas carinhoso olhar com Vinícius e levanta da mesa. 
   — Boa sorte pra vocês com a Yasmin — deseja Mayara sorrindo e se distanciando da mesa, porém tomando rumo diferente ao de Malu e Marina.
   No instante em que fica sozinho com os amigos, Vinícius comenta:
   — Vocês mandaram muito mal.
   — Esse mané que não pegou o celular — retruca Felipe olhando para Victor.
   — Eu falei pra você esperar.
   — Falou nada.
   — Claro que falei.
   — Não importa, né gente? — interrompe Vinícius. — Agora já foi e a Yasmin ficou super irritada.
Felipe resmunga consigo mesmo e Victor bebe seu refrigerante e fica em silêncio.

Marina encosta no balcão da lanchonete e indaga a Malu:
   — Então, o que foi?
   — Eu estive com o Ben dias atrás, lembra dele?
Marina força a sua memória e se recorda do rapaz.
   — Sim, é o colega de banda do Fred.
   — Exatamente!
   — O que é que tem ele?
   — Ele me falou que o Fred, ou melhor, que ele acha que o Fred tem um interesse em você — conta Malu e fica olhando atentamente para a outra a fim de ver a sua reação.
Marina ri com incredulidade.
   — Oi?
   — Foi o que o Ben disse.
Ainda sorrindo, Marina explica:
   — Eu e o Fred somos apenas amigos. Não sei da onde o Ben tirou isso.
   — Foi exatamente o que eu disse para ele. Assim, eu não sou curiosa, mas eu resolvi investigar, mais pra te avisar.
   — Me avisar de quê?
   — Que o Ben quer ver você e o Fred juntos.
Marina ri.
   — Isso é loucura! Eu namoro o Vinícius e estou muito feliz assim.
   — Então se você não namorasse com o Vinícius a história poderia ser diferente?
   — Não tem como saber — responde Marina. — O que interessa é que o Ben vai perder o tempo dele.
Malu sorri.
   — Também acho. Enfim, só queria te avisar.
   — Obrigada. — Malu tenta afastar-se, porém Marina diz: — Aliás, você e o Ben...
   — Não! — corta Malu. — Nem começa.
Marina ri.
   — Ia ser só uma pergunta.
   — Uma pergunta desnecessária — ri Malu. 
   — Você já teve um lance com ele.
   — Já, antes de saber que ele é irmão do Samuel.
Marina coça a sobrancelha.
   — Verdade, tinha esquecido desse detalhe. Você ficou com os irmãos.
   — Marina!
   — O quê? — A outra ri.
   — Eu estou com o Samuel agora e o Ben é só o meu amigo. Ponto final. Até mais. Fui!
Malu sai caminhando apressadamente e Marina ri sozinha. 

Horas depois, no início da tarde, Mel liga para Reinaldo em seu escritório na mansão em que mora com os filhos. 
   — Oi, Reinaldo!
Do outro lado da ligação, o empresário sorri.
   — Oi, Mel.
   — Estou ligando para confirmar o nosso café mais tarde.
   — Está mais de pé do que todos os compromissos que tenho.
Mel sorri.
   — Que bom! Digo, fico feliz. 
Reinaldo ri e Mel sente-se envergonhada.
   — Eu posso te encontrar no local das gravações? Assim, iremos juntos.
Mel pensa no possibilidade e concorda:
   — Sim, por mim está excelente. 
   — Ótimo! Então, eu te vejo mais tarde?
   — Com certeza.
   — Um beijo, tchau!
   — Tchau! — Mel desliga e fica um período olhando para o celular, sorrindo. 
Isabela entra no escritório, interrompendo os pensamentos da mãe.
   — Já estou pronta!
Mel alcança a bolsa na ponta da mesa e levanta.
   — Ótimo! Vamos indo, porque temos a tarde cheia de trabalho. 
Mel e Isabela saem juntas.

   — Eu já vi o estúdio, a decoração e até as meninas que vão aparecer com a gente — Yasmin fala sem pausas enquanto sua maquiagem é feita nos bastidores da campanha. — Está tudo tão incrível, Isa!
   — Que bom, né? Confesso que eu estou um pouco nervosa por participar disso. 
Yasmin olha para a amiga, quase fazendo com que a maquiadora erre o traçado em sua sobrancelha.
   — Isa? A ideia foi sua. 
   — Sim, minha em conjunto com a minha mãe, mas eu não estou acostumada com isso. — Ela ri. — Eu não sou como você, que é a estrela da marca.
   — Estrelas da marca são as nossas mães, isso sim — ri Yasmin. 
Elas permanecem batendo papo até terem as maquiagens e os cabelos finalizados. Enquanto aguardam os estilistas chegarem com as roupas, ficam sentadas nas cadeiras do camarim usando roupões brancos.
   — Eu tenho uma coisa para te entregar — conta Isabela pegando sua bolsa sobre a mesa ao lado dos pincéis que foram usados. 
   — Que coisa? 
   — Isso! — Isabela pega uma caixinha da Apple e entrega para a melhor amiga.
   — Não acredito que o Felipe comprou um celular novo para mim! — exclama Yasmin. — Aquele filho da mãe acha que é mandar você entregar que eu vou esquecer a palhaçada que ele fez? O meu pai nem sonha que não cumpri com o trato que a gente fez. Nem tive cara de contar ainda!
Isabela aguarda ela terminar de falar para corrigir:
   — Não foi o Felipe.
   — Como? — Yasmin olha espantada para ela.
   — Abre a caixa, tem um papel pra você.
Yasmin rompe o papel que envolve e abre a caixa, pegando em cima do aparelho, uma folha de caderno dobrada.
   — Desculpa por ter falhado com você, quebrado algo tão importante. Como sei que você está sem cartão de crédito por causa do castigo... aí está. — Os olhos dela se estreitam ao ler a última palavra da folha: — Victor.
Isabela sorri com encantamento.
   — Oh, ele fez uma metáfora.
   — Oi?
   — Isso de "Desculpa por ter falhado, quebrado algo tão importante" só pode ser por causa da briga de vocês.
Yasmin começa a rir.
   — Sério que você acha isso, Isabela? Você definitivamente não conhece o Victor, ele só estava se referindo ao celular mesmo. — Ela amassa o bilhete e o enfia novamente na caixa. — Ainda fala que só comprou porque eu estou sem cartão de crédito. Como ele é idiota!
   — Yasmin? 
   — O quê, amiga? Ele quebrou meu celular!
   — E te deu outro. Ele compensou a bola fora e ainda pediu desculpas por causa da Mayara.
   — É isso mesmo que você acha?
Isabela não hesita em responder:
   — Sim! É isso mesmo que eu acho. 
As duas encaram-se e só desviam o olhar, pois um funcionário chega com as roupas delas.
   — Meninas! Os seus figurinos chegaram e estão maravilhosos.
Elas sorriem e pegam as suas respectivas peças. No caminho do biombo, Yasmin olha por sobre o ombro para a caixinha do celular e durante a sua troca de roupa fica pensando no comentário de Isabela. 

O estúdio da gravação da campanha Do Jeito Que Eu Sou abriga apenas as pessoas necessárias para a gravação do comercial e das fotos, como foi pedido pelas donas da grife. Um grupo de meninas, das mais diferentes etnias e corpos está reunido em um canto, conversando; o fotógrafo, o diretor, o câmera man, o responsável pela iluminação, Sophia e Mel acertam os últimos detalhes antes da chegada de Yasmin e Isabela. Quando as duas surgem, já usando os figurinos da propaganda, eles começam a passar as instruções à elas.

A partir do momento em que todos se posicionam em seus lugares, as gravações começam. Primeiramente, cada uma das garotas grava um trecho sozinha e por último, elas se reúnem. 

   Ao final, Isabela apoia-se em uma cadeira para descansar. 

   — Está bem? — pergunta Sophia colocando uma mão cuidadosamente nas costas dela.

   — Sim, só estou cansada — responde a adolescente. — Não estou acostumada com essa rotina louca de gravar, parar para arrumar luz, consertar maquiagem, rever cabelo, gravar de novo. 

Sophia sorri.

   — É muito cansativo mesmo, mas o resultado vale a pena.

   — Eu sei!

Sophia faz carinho nas costas dela.

   — É linda a ideia que você e a Mel tiveram.

   — Obrigada! Eu só queria passar a mensagem de que nós temos que nos aceitar do jeito que somos. 

   — Sim, é uma pena que isso não ocorra com todas, né?

   — É — lamenta Isabela. 

Yasmin passa por elas, rumo à saída do estúdio.

   — Onde você vai? — questiona Sophia e a loirinha responde com má vontade:

   — Prender meu cabelo, estou com calor por causa desse tanto de luz. 

Ela sai e Sophia comenta com a nora:

   — Desde que eu e o Micael colocamos ela de castigo, ela só trata a gente assim. 

Isabela dá de ombros.

   — Yasmin sendo Yasmin. 

   — Yasmin sendo malcriada. — Elas riem. 

A loirinha segura o cabelo com uma das mãos enquanto caminha para o camarim em busca de um elástico de cabelo. Ao entrar no espaço, leva um susto ao visualizar Victor parado em frente aos itens de maquiagem, com um curvex na mão.

   — Victor? — Ela deixa os fios caírem pelos ombros e se surpreende ao sentir o seu estômago agitar-se com a presença dele.

   — Vocês usam isso? — indaga o loiro parecendo assustado com o objeto em suas mãos. 

   — Sim. — Yasmin caminha até ele e pega um elástico transparente que está ao lado da caixinha do celular, o que faz com que o olhar de Victor passe por ela.

   — Viu o que eu te mandei? 

Como a opinião de Isabela não saiu de sua cabeça durante toda a gravação, Yasmin indaga sem rodeios:

   — O que você quis dizer com o bilhete? 

   — O quê?

   — O que você quis dizer com esse bilhete? — Yasmin repete entregando o papelzinho amassado a ele.

   — Desculpa ter falhado com você, ter quebrado algo tão importante. Como sei que você está sem cartão de crédito... aí está — Victor lê o que está escrito e olha para Yasmin com estranhamento, como se ela tivesse algum problema por não ter entendido o que ele quis dizer. — Ué, pedi desculpa por ter quebrado o seu celular e como você está sem cartão de crédito, eu resolvi te dar um novo. 

   — Sabia que você não seria capaz de dizer outra coisa! — exclama Yasmin para a confusão dele. 

   — Como assim, Yasmin? 

A loirinha fica sentindo-se burra por ter cogitado que Victor realmente queria fazer as pazes com ela e questiona com ódio:

   — O que você está fazendo aqui?

   — Agora estou conversando com você, mas antes estava vendo esses negócios — ele aponta para as maquiagens.

   — Aqui no estúdio — especifica a garota sem paciência.

   — Eu vim com o Vinícius e a Marina pra ver como funciona as coisas. 

Yasmin tem a sensação de que cubos de gelo descem por sua garganta ao constatar que Victor não está ali por sua causa. 

   — Ótimo — diz com amargura. — Fica à vontade então. — Ela dá meia volta e sai do camarim, deixando Victor confuso. 

De mãos dadas, Vinícius e Marina saem de uma sala que eles descobriram ser a de controle da segurança e caminham rumo ao estúdio em si. Ao chegarem à porta, encontram com um homem de cabelos grisalhos, que olha para Vinícius e sorri.

   — Oi. Vinícius, não é? — ele indaga.

O rapaz fica surpreso com o reconhecimento e assente.

   — Sim. 

   — Meu nome é Reinaldo — diz o homem esticando um braço para ele. — É um prazer te conhecer.

Vinícius aperta a mão dele diante do olhar de desconfiança de Marina.

   — Prazer — responde. — Desculpe, mas quem é você?

Isabela entra no camarim e encontra Victor sentado em uma das cadeiras que foram ocupadas por ela e Yasmin. 

   — A Yas passou por mim bufando — ela conta. — O que aconteceu entre vocês?

   — Eu, sinceramente, não sei — responde o loiro abaixando o seu celular. — A gente estava conversando, elas fez umas perguntas estranhas e ficou brava do nada.

Isabela senta na outra cadeira, olhando para ele com atenção.

   — Victor, o que você fez?

   — Eu não fiz nada! — defende-se ele. 

Isabela olha demoradamente para ele e desvia o olhar, fitando o celular.

   — Eu entreguei o celular para ela do jeito que você pediu, mas a Yas não se encantou não.

   — Não era para ela se encantar. 

   — Como assim? — Isabela estreita o olhar. — E o bilhete?

   — O que vocês viram de tão impressionante nesse bilhete? — questiona Victor com interesse. — Sério, eu só quis pedir desculpas pra ela por ter quebrado o celular junto com o Felipe.

   — Só isso? — espanta-se Isabela. — Somente por isso?

   — É? O que mais seria? 

   — Uma metáfora. 

   — Eu nem sei o que é uma metáfora direito. 

   — Uma espécie de comparação. Victor, você pediu desculpas por ter falhado com ela, quebrado algo importante. Poderia ser uma metáfora com o celular e o coração dela.

Victor começa a rir.

   — Como é que é o negócio? 

   — Para de rir! — pede Isabela tentando acertar um chute nele. — Eu tentei fazer a Yasmin acreditar nisso!

   — Ah, por isso ela fez aquelas perguntas estranhas? 

Ao entender o que está acontecendo, Isabela esconde o rosto nas mãos.

   — Meu Deus, Victor! Você faz tudo errado. — Ela olha para ele. — Você teve a faca e o queijo na mão para se acertar com a Yasmin e jogou tudo no lixo.

   — Grande anã, coloca uma coisa nessa sua cabeça desproporcional ao seu corpo miúdo, se eu quisesse me reconciliar com a Yasmin, já teria feito isso.

Yasmin surge como um foguete pela porta e para com as mãos na cintura.

   — Como assim, Victor? Você acha que eu estou a dispor da sua vontade? — questiona furiosa. 

Isabela fica espantada pela aparição repentina da amiga e Victor congela com um sorriso no rosto e olhar divertido, parecendo achar graça da situação.

   — Você estava ouvindo a conversa atrás da porta? — ele indaga rindo.

   — Não interessa! — corta Yasmin com rispidez. — Responde a minha pergunta.

Vendo que a loirinha não está para brincadeira, Victor fica sério e se endireita na cadeira, olhando intensa e duramente para ela. Em seu íntimo, Isabela fica com receio do olhar dele, mas Yasmin parece não se importar e continua encarando o namorado. 

   — Então, vai me responder ou não? — ela pressiona arqueando uma sobrancelha. 

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