Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 236: Mel e Isabela têm surpresa desagradável no camarim de Chay

À luz do luar, Yasmin e Victor chegam ao porto. Eles descem do carro e caminham até o iate um ao lado do outro.

   — A gente não vai pegar nossas malas? — Yasmin indaga.

   — Tem gente pra fazer isso pra gente. — Ele pega na mão dela. — Vem, quero te mostrar o iate. Você vai ficar de queixo caído.

A loirinha ri.

   — Olha lá, já vi muitos iates maravilhosos.

   — Mas esse é de chocar — garante Victor sorrindo. Eles chegam ao iate e sobem a escada para entrar, sendo recebidos por um homem que aparenta ter entre trinta e cinco e quarenta anos. 

   — Boa noite! — cumprimenta o homem esticando a mão para cumprimentá-los.

   — Boa noite — respondem o casal e Victor diz:

   — Esse é o Marc, vai garantir que a gente volte bem para casa.

Yasmin sorri para ele.

   — Que bom, né? 

   — Vou ajudar a colocar as coisas de vocês à bordo — diz Marc passando por eles para sair do iate. 

   — Vem, vamos entrar — chama Victor e Yasmin passa correndo por ele, entrando primeiro na sala de estar. Ela para ficando espantada com a riqueza do lugar, seus olhos percorrem cada cantinho do cômodo, que tem uma pequena escada de três degraus ao centro que leva a uma outra salinha, onde fica a cozinha, que contêm diversos eletrodomésticos. Em uma estante em uma das paredes da sala, há uma televisão e aparelhos eletrônicos, as paredes são revestidas por um papel de parede claro e o chão é coberto por um tapete cinza claro. O que mais surpreende Yasmin é o brilho de cada móvel, que parece inundar todo o cômodo, e os filetes dourados presentes em algumas extremidades. 

   — Esse dourado é...?

   — Ouro — responde Victor às costas dela.

   — Uau! 

   — Você ainda não viu nada — diz o loiro sorrindo. 

Uma pequena fogueira foi colocada na entrada do casarão dos pais de Jaqueline. O grande portão de ferro antigo com detalhes dourados estão abertos, mostrando o belo e grande jardim e um caminho de pedras claras que leva até o casarão da cor da branca. Logo no começo do caminho, Jaqueline está parada com Jonas, Luciana e Samuel. 

Os dois rapazes não trocam nem olhares e elas se esforçam para atenuar o clima entre eles. 

   — Deixa eu fazer um charme em você — diz Jaqueline tirando um lápis preto do bolso do short e se aproximando de Samuel.

   — Nem vem! — ele fala dando um passo para trás.

   — Ah, o que é que tem? — indaga a loira sorrindo de maneira charmosa para ele. — Vai ficar bonitinho!

   — Só na sua opinião.

   — Claro que não. — Ela olha para Luciana. — Não vai ficar bonito, Lu?

   — Vai! — responde a morena.

   — Não vai, Jonas? — pergunta Jaqueline de propósito, só para ver a reação dele. Jonas revira os olhos e tenta seguir o caminho até o local da festa, porém Luciana segura em seu braço e sussurra algo em seu ouvido, impedindo sua ida. Jaqueline ri e volta a olhar para Samuel, que balança a cabeça sorrindo quase que imperceptivelmente.

   — Você é terrível — ele diz só para ela ouvir.

   — Eu sei! — diverte-se a loirinha e destampa o seu lápis. 

   — Eu estou falando sério — Samuel avisa segurando no pulso dela.

   — Eu também! — Ela puxa o braço e olha insistentemente para ele. — Você está na minha festa, lembra? 

   — Não seja por isso, eu vou embora.

Samuel tenta ir até o portão, mas ela puxa seu braço.

   — Você não vai. 

   — Você manda em mim? 

   — Você não vai esperar a Malu chegar? — provoca Jaqueline e Samuel revira os olhos, fincando os pés no chão.

   — Ok, eu fico mais um pouco.

Jaqueline ri e volta a erguer o braço com o lápis. 

   — Agora vou te deixar mais bonito para a nojenta da Maria Luíza. 

   — Jaqueline. 

Ela sorri e após algum período de muito insistir, consegue fazer um bigode nele. O quarteto para de conversar para receber Mayara, Aline e Gabriel, que chegam coincidentemente juntos. 

   Instantes depois da chegada do trio, Malu desce do carro de Lucas e é analisada pelos quatro. 

Os olhos de Samuel acendem-se, Jaqueline estreita os olhos, Luciana arqueia uma sobrancelha com ar de superioridade e Jonas mantêm o olhar frio. 

   Ao se virar para eles, Malu dá um leve sorriso, achando divertida a reação deles com relação a sua chegada. Ela caminha pela calçada, passa pelo portão e se junta ao grupo.

   — Oi — diz com a voz neutra.

   — Oi! — eles respondem e a voz de Samuel é a única que tem ânimo. 

   — Seja bem-vinda! — Jaqueline fala tentando parecer mais simpática.

   — Obrigada. — Ela troca o peso de perna. — O que tem de comida?

Samuel ri e até Jonas esboça um sorriso.

   — Tem diversas coisas, principalmente comidas típicas de festa junina — informa Jaqueline buscando manter a calma.

   — Tem curau de milho? — Malu indaga visivelmente interessada.

   — Tem — responde a loira com um pouco menos de cordialidade. 

   — Tem paçoca? 

   — Tem.

   — Pipoca?

   — Também. 

   — Milho cozido? — pergunta Malu arregalando os olhos com uma empolgação excessiva.

   — Por que você não entra e vê? — questiona Luciana já sem paciência. Jaqueline solta um suspiro, aliviada por ter sido socorrida por alguém.

   — O legal era que eu estava conversando com a Jaqueline, né? — comenta Malu sorrindo. — Mas foi bom você falar, Luciana, assim me fez lembrar da sua desagradável presença aqui. — Ela pega no pulso de Samuel. — Vem comigo!

O rapaz não reluta e olha rapidamente para Jaqueline, falando:

   — Depois a gente se vê.

   — Leva logo essa garota daqui — pede a loirinha em um sussurro. 

Samuel ri e anda pelo caminho de pedras com Malu. 

   — Que garota insuportável! — exclama Luciana.

Jaqueline coloca as mãos na cintura e se vira para ela e Jonas.  

   — Vocês viram, né? Eu me esforcei para ser educada. 

Eles sorriem.

   — Ela faz de propósito — observa Jonas sabiamente. 

Samuel não deixa Malu chegar até o corredor lateral que leva ao quintal, onde ocorre boa parte da festa, pois a arrasta para trás de um dos arbustos do jardim, que está iluminado em alguns pontos, mas boa parte mergulha na escuridão.

   — Ei, isso é assédio! — exclama a morena sorrindo.

   — Vai me processar? — ele questiona com os braços na cintura dela.

   — Não, mas esse bigodinho deveria ser considerado crime. — A morena passa um dedo pela pele dele, sobre a marca feita por Jaqueline.

   — Foi a Jaqueline que fez.

   — Eca! — ela grita e dá um pulo para trás, afastando-se dele. — Não me toque, nem me rele.

Samuel ri e tira o bigodinho com as costas da mão.

   — Tô melhor agora? 

   — É, melhorou. Não posso exigir muito, né? A natureza não ajudou muito! — Ela gargalha e Samuel segura em seu pulso com força, puxando ela para mais perto.

   — Vai se ferrar! 

   — Só se você for junto — provoca Malu sorrindo. Eles dão um selinho, riem e se beijam com volúpia. 

Depois de terem pego um atalho para não serem flagrados por fotógrafos ou fãs, Mel entra no camarim de Chay com os filhos e genros. Isabela solta a mão de Felipe e caminha até a mesa de frutas, que está entre uma com comidas e outra com bebidas.

   — Ai, estou com fome — diz pegando um cacho de uva. 

   — Acho que a convivência com o Felipe está te afetando — brinca Chay entrando no camarim. A beleza dele, que usa as roupas de show e um chapéu preto, deixa Mel levemente abalada. — Que eu me lembre é ele quem é o comilão de vocês. 

   — Olha o bullying — ri Felipe. 

   — Pai! — exclama Isabela, correndo até Chay. 

   — Oi, minha pequena.

   — Literalmente — brinca Felipe com Vinícius e Marina.

Chay dá um abraço na filha e a gira no ar. 

   — Preparada para o show?

   — Sim! Eu vi no twitter que vocês estão fazendo uma divulgação para uma surpresa.

   — Sim — responde Chay. — Os meus fãs merecem uma surpresa nessa reestreia. 

Isabela sorri.

   — É verdade.

   — Qual é a surpresa, pai? — indaga Vinícius, falando a pergunta que passa pela cabeça de todos.

   — Ah, isso vocês só saberão na hora do show.

   — O senhor não vai falar nem pra gente? — questiona Vinícius sorrindo.

   — Não. Bico calado!

Isabela aperta o braço dele.

   — Conta, pai!

Mel sorri com a insistência dos filhos e senta em um sofá no canto.

   — Boa noite! — deseja Paola ao entrar no camarim. O sorriso de Isabela desaparece ao ver a loira que viu na passagem de som de Chay, que insiste em dizer que ela é apenas membro de sua equipe; Mel prende a respiração e tenta manter-se impassível ao visualizar a mulher que viu na saída de um restaurante com o ex-marido. 

   — Boa noite — todos respondem. 

   — Já está tudo pronto, Chay! Do jeito que você queria. — Ela e Chay trocam um olhar cúmplice que faz Mel se segurar para não revirar os olhos.

   — Excelente! — comemora o cantor.

   — Seus fãs irão adorar — comenta Paola.

   — Vocês estão falando da surpresa? — Marina pergunta com curiosidade.

   — Sim — respondem Chay e Paola ao mesmo tempo.

   — Até ela sabe, pai? — Isabela fica indignada.

Chay sorri e olha para Paola com um pedido de desculpa no olhar.

   — Ela faz parte da minha equipe, filha — repete Chay afagando o ombro dela. — Lembra?

   — É, lembro — responde a morena de má vontade. 

Mesmo não simpatizando com Paola, Mel censura a postura de Isabela com o olhar, porém a garota não vê. 

   — Bom, vou indo — diz Paola notando a aspereza de Isabela. A loira sai do camarim, deixando o ambiente pesado. 

O iate do amigo de Arthur tem dois andares, no térreo concentra-se a sala de estar, a cozinha, um banheiro e a cabine. Acima dele, ficam duas suítes e o que mais impressionou Yasmin: um jardim de inverno com uma jacuzzi ao centro. No momento, ela e Victor estão no quarto principal conversando sobre a viagem.

   — Tem tudo o que você possa imaginar na cozinha — conta Victor deitado na cama, que é bem maior do que as tradicionais.

   — É? — surpreende-se Yasmin enquanto analisa uma de suas malas. 

   — É, eu que organizei tudo. 

Yasmin ri e bate o tampo da mala, caminhando até ele.

   — Convencido — diz depois de se jogar ao lado dele. — Uau! Essa cama é tão macia e, car*lho, é tão grande. 

Victor estica o braço para pegar no pulso dela. Eles se aproximam um do outro e Yasmin aninha o seu corpo ao dele, começando a beijar os seus lábios. O loiro percorre as costas com uma das mãos, unindo ainda mais os seus troncos. O beijo intensifica-se  e Yasmin passa a sentir um calor espalhar-se para as suas pernas e braços. Aos poucos o seu corpo todo se aquece e seu pulmão começa a clamar por ar. Por essas razões, empurra Victor e pula da grande cama, quase caindo no chão por causa das suas pernas bambas. 

   — Estou louca para experimentar a banheira! — exclama com a voz aguda. 

   — Pode ser uma boa — diz Victor querendo algo que possa esfriar o seu corpo. 

Quando ambos entram na Jacuzzi que fica dentro do jardim de inverno, percebem que se buscavam uma forma para controlar os impulsos que atraiam os seus corpos, essa não foi uma boa ideia. Yasmin respira pelo nariz e solta lentamente pela boca na tentativa de deixar o seu interior pacífico, porém quando o seu olhar cruza com o de Victor, todas as suas barreiras desfazem-se e ficam tão finas e pequenas quanto os sais de banho que estão ao redor deles. 

   O olhar de Victor é o mesmo de sempre, aquele que faz o coração de Yasmin bater com mais intensidade: ousado, porém divertido. Em uma fração de segundos, eles estão juntos novamente com os lábios colados. Yasmin impressiona-se com o efeito do toque do namorado em seu corpo, pois com poucos contatos ela já passa a sentir a temperatura da água mais quente em sua pele. 

   O corpo de Victor também reage ao contato com Yasmin. Cada partícula de seu corpo vibra com o toque dela, com o cheiro de sua pele, o sabor de seu beijo, a textura de seu cabelo loiro e molhado. Ambos estão ofegantes e molhados em seus trajes de banho. Yasmin coloca uma das pernas sobre a de Victor e ele puxa ela para o seu colo. Ela fica de frente para ele e acaricia sua nuca durante o beijo. As mãos de Victor percorrem as costas dela e com um dos dedos, ele tenta soltar o nó de seu biquíni, porém Yasmin leva uma das mãos às costas e segura nos dedos dele. Embora tenha recusado essa investida dele, a loirinha intensifica ainda mais o beijo e Victor mordisca o lábio dela. 

Juntas, Maísa e Laís chegam à festa de Jaqueline. Um sorriso desabrocha no rosto de Jonas ao ver Maísa e ela retribui a gentileza. Todos olham para o outro carro que estaciona em frente ao portões e assistem a Alexandre sair do veículo. Ele e Laís encontram-se e seguem com Maísa até Jaqueline, Luciana e Jonas.

   — Oi! — cumprimenta Jaqueline.

   — Oi — respondem os três. 

   — Os amigos de vocês já chegaram — informa Jaqueline.

   — Até o Iago e o Lorenzo vieram — conta Luciana em tom de espanto. 

   — A Aline deve ter convencido o Iago, que convenceu o Lorenzo — brinca Alexandre e Jonas ri, para o espanto de todos, principalmente de Maísa. Ela lança um olhar questionador para o garoto, que apenas dá de ombros. 

   — Vamos entrar — chama Laís de mãos dadas com Alexandre.

   — Vamos — responde Maísa desviando o olhar de Jonas, mas logo volta a fitá-lo, pois ele diz:

   — Eu mostro o caminho para vocês.

Mesmo sabendo o motivo dessa gentileza toda dele, Laís e Alexandre não deixam de ficar surpresos, pois não acreditavam que ele se esforçaria tanto para agradar e conquistar Maísa. A loirinha balança a cabeça, ainda mais espantada.

   — Ok — sussurra para ele. — Vamos.

De braços cruzados, Jaqueline sacode a cabeça com incredulidade.

   — Eles falaram tanto, mas acabaram se envolvendo com essas garotas sem sais.

   — Você tem razão — concorda Luciana. — Você se importa de eu ir buscar alguma coisa pra beber? 

Jaqueline, que observa um táxi aproximar-se, responde:

   — Não, eu só vou esperar esse convidado chegar e também já vou entrar. Não vou passar a festa toda recebendo as pessoas, né? — Ela ri e Luciana anda para dentro do casarão. 

Jaqueline sorri ainda mais ao ver quem é o convidado que chegou no táxi. Ela não se controla e corre até ele, jogando-se nos braços de Brian.

   — Que bom que você veio!

O americano franze a testa e Jaqueline percebe que falou em português, então repete em inglês.

   — Ah, é claro que eu viria — ele responde. 

   — Fico feliz! — Ela diz sentindo o seu íntimo vibrar com a chegada dele. 

Brian sorri e dá um beijo nela, iluminado pela luz da fogueira.

Felipe, Isabela, Marina e Vinícius leem as menções de Chay no Twitter, por essa razão não percebem quando o cantor e Mel aproximam-se perto da mesinha de bebidas. 

   — Está quase na hora do show — ela observa.

   — Sim — concorda Chay olhando fixamente para ela.

   — Você está nervoso? 

   — Aquele nervosismo gostoso. 
   — As vezes eu sinto falta disso.

   — Você sabe que seria muito bem vinda no meu show ou no do Micael.

Mel ri.

   — Quem sabe um dia? 

   — Espero que seja no meu.

   — Você acha que tem preferência diante do Micael? — ela pergunta sorrindo.

   — Se for contar tudo o que nós vivemos, sim, eu acho. 

Eles sorriem carinhosamente.

   — E a surpresa? Não vai contar mesmo pra gente? 

   — Surpresa é surpresa.

   — Nem pra mim? 

   — Nem pra você.

   — Se for contar tudo o que nós vivemos, eu acho que eu mereço saber. 

Chay ri.

   — Vai usar minhas palavras contra mim?

   — Não é contra você, é a favor da minha curiosidade — responde Mel e eles gargalham.

   — Boba! Enfim, se você for minha fã, ficará feliz com a surpresa.

   — Eu sou sua fã, sempre serei. Independentemente de qualquer coisa — acrescenta olhando nos olhos dele. 

   — Toda fã tem o sonho de ficar com o ídolo, sabia? — provoca Chay rindo.

   — Eu já realizei o meu sonho.

Ele fica mais sério.

   — Não gostaria de sonhar de novo?

   — Chay... — Mel pronuncia como um pedido. 

   — Mel...

Ele fala e toca na mão dela com a sua, seus olhares sincronizados e as respirações fracas. 

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