Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 181: Mel conta segredo para Reinaldo

Deitado na cama da namorada, Victor desperta de um sono turbulento. Ele coça os olhos e vê Yasmin saindo do banheiro usando um roupão com o cabelo preso em um coque frouxo.
   — Pensei que fosse ter que chamar o Samu pra te acordar — brinca a loira indo para o closet. 
   — Um beijo seu já bastava. 
   — Tá bom, Belo Adormecido. 
Yasmin se tranca no closet para se vestir e Victor senta na cama. 
   — Esses dias os meninos me apresentaram a música do Belo. — Yasmin ri. — Não é tão ruim.
   — Está virando fã dele? — indaga a loirinha saindo do closet usando uma camisola preta de seda com um robe da mesma cor por cima. 
   — Não estou virando fã — se defende Victor cruzando as mãos atrás da cabeça. Ela ri e sobe na cama, sentando no colo dele. Victor coloca uma mão na boca e boceja. 
   — Está com sono? — ela pergunta passando a mão pelo cabelo dele. 
Victor coloca as mãos nas pernas dela e apoia a cabeça na cabeceira. 
   — Um pouco. A gente não dormiu muito, né?
   — Não, a gente chegou do hospital, deitou e dormiu. Acho que dormimos por umas duas horas, não é? 
   — Sei lá. 
Yasmin dá um selinho nele. 
   — Não quer ir pra casa? Tomar um banho, trocar essa roupa. 
   — Está me expulsando, Yas? 
   — Não, bobão — responde Yasmin rindo. Ela se inclina e o beija. Victor retribui e envolve a cintura dela. 
A porta do quarto é aberta de maneira abrupta.
   — Que pornografia é essa, meu Deus? — pergunta Felipe cobrindo os olhos com as mãos. Yasmin olha por sobre o ombro e gargalha antes de sair do colo do namorado. 
   — Saudades bater na porta — fala Victor sorrindo. 
   — Querido, primeiro ela foi a minha irmã pra depois ser sua namorada. Se põem no seu lugar, ok? — Rindo, ele fecha a porta e caminha até a cama enquanto Victor pergunta para a namorada, que ri:
   — Não vai me defender? 
Yasmin sorri e dá um beijo no ombro dele. 
   — Menos. — Victor ri e dá um beijo na bochecha dela e outro em sua orelha. — Odeio quando você faz isso! — ela reclama. — Parece que eu vou ficar surda. 
O loiro, ainda rindo, passa um braço pelas costas dela, a envolvendo em seu abraço. 
   — Parem com isso! — pede Felipe se jogando na cama da irmã. — Vocês não são assim. 
   — A gente não é assim na frente dos outros — corrige Victor. — Quando estamos sozinhos a coisa pega fogo. 
Felipe gargalha, deitado nos pés dos dois. 
   — Pega tanto fogo que a Yas continua intocada. 
   — Vocês gostam de falar da minha virgindade, né? Que merda! — Ela tenta se levantar da cama, mas Victor a puxa pela cintura de volta. 
   — Menos — pede no mesmo tom que ela. 
   — Vai se f*der. 
   — Fica quietinha, fica. — Victor coloca o dedo indicador na boca dela. 
   — Eu vou morder seu dedo — ameaça Yasmin. 
   — É assim que eu gosto — brinca Felipe gargalhando. Ele assiste Victor bagunçar o cabelo de Yasmin, o que desfaz o coque dela, e a garota, com o rosto escondido pelos fios loiros, arranhar os braços de Victor. 
   — Sossega — manda Yasmin se recompondo. 
   — Olha o que você fez comigo — diz Victor analisando os vergões vermelhos provocados pelas unhas de Yasmin. 
   — Isso não é nada. 
   — Vocês viram os braços da Marina e do Vinícius? — pergunta Felipe. 
   — Vi — responde Victor e Yasmin assente com a cabeça. — Quase que eu quebro o Vinícius porque pensei que ele tivesse machucado ela. 
A filha de Sophia e Micael prende o cabelo novamente, falando:
   — O Vinícius não é desses. Só que o braço da Marina ficou ileso perto do Vini. O dele está roxo pra caramba, o dela está só uns vermelhos. 
   — A pele dele é mais sensível, né? — indaga Felipe.
   — É.
   — Ui, sensível — brinca Victor. 
   — O que você está falando dos outros? — retruca Yasmin. — Não pode nem tocar em você que fica vermelho. 
   — E essa boquinha aí — observa Felipe. — Qual é o batom que você usa? 
Victor lambe os lábios instintivamente e se defende:
   — A culpa não é minha se a minha boca é corada, ok? E você não pode falar nada, sua boca também é assim. 
   — Claro que não. 
   — Ai, vocês reclama de barriga cheia! Quem dera se a minha boca fosse rosada naturalmente. Se eu não passar batom parece que eu tô doente. 
   — Claro que não, Yas — discorda o seu irmão. — Sua boca tem uma corzinha. 
   — Tem mesmo — apoia Victor. — E acredita em mim, porque eu observo muito a sua boca. A boca e o resto. 
Yasmin sorri e recebe uma mordidinha na orelha. 
   — Parem com isso! — pede Felipe e se vira de bruços, ficando com o rosto escondido na cama. 
   — Olha a bundinha dele — brinca Yasmin tocando as nádegas de Felipe com o pé. 
   — Para, garota. Isso é assédio! 
Os irmãos e Victor riem. 
   — O que você veio fazer aqui? — pergunta o loiro. 
   — Ele fala como se o quarto fosse dele, né? — Felipe ri enquanto se vira novamente. 
   — Quase é. 
   — Se toca, querido — diz Yasmin e olha para o irmão. — O que você veio fazer aqui?
Felipe ri e responde:
   — Vim saber como está a Malu. 
   — Ah. — Yasmin conta detalhadamente sua visita à Malu. 
   — Que bom que ela está bem, né? Tomara que ela receba alta logo. 
   — É. Agora me conta. — Yasmin deita de bruços na cama ficando com o rosto perto de Felipe, de modo que fica com as pernas viradas para o namorado. — Quero saber os detalhes da surpresa para Isa, porque até agora ninguém me contou nada. 
Felipe ri e antes de começar, avisa:
   — Ele está olhando para a sua bunda. 
Yasmin olha para trás e Victor desvia o olhar. 
   — Moleque, moleque. 
Victor ri e deita ao lado dela. 
   — Também quero saber. 
Eles riem e Felipe começa a contar:
   — Faz tempo que eu tava treinando com a vó a música do Crepúsculo e a outra que estava cotada para entrar no filme, mas não entrou. 
   — De onde veio a ideia? — pergunta Yasmin.
   — O Vinícius comentou comigo que a Isa queria que ele aprendesse a tocar a música no violão pra ela e que ela falou que se casaria com o homem que tocasse para ela no piano. 
   — Você pediu ela em casamento ou namoro? — brinca Victor. 
   — Idiota! Então, depois que eu treinei, treinei e treinei, decidi fazer a surpresa. 
   — Como você levou o piano? — Yasmin indaga. 
Victor responde antes de Felipe:
   — Ele arrastou o piano pelas ruas igual ao Bruno Mars naquele clipe.
   — Você está tão engraçado — ironiza Yasmin.
   — Eu aluguei um caminhão, daí eles levaram — responde Felipe. — Eu queria que só a Isa tivesse na casa, né? Pra conseguir isso eu liguei pro Vini e ele falou que ia dormir na casa da Mari, depois eu liguei pra Mel e ela também liberou a casa. Daí eu coloquei várias lampadazinhas no jardim e pétalas de flores e o piano no meio. Eu comecei a tocar e nada da Isa aparecer. — Ele ri. — Eu tava tão nervoso.
   — E aí? — Sua irmã está envolvida na história. 
   — Depois de um tempo a Isa apareceu na sacada e assistiu eu tocar River Flows In You. Quando eu terminei de tocar pedi pra ela descer e ela fez isso. Aí foi o melhor momento da surpresa! Quando ela abriu a porta eu comecei a tocar Bella's Lullaby e ela começou a chorar. Daí eu chorei também e quando terminei de tocar, pedi ela em namoro de novo. 
   — Awn, que fofo! — Ela olha para o namorado. — Vê se aprende!
   — Eu nunca farei isso, aceita. 
Yasmin revira os olhos. 
   — E depois? — pergunta para o irmão.
   — Depois a Isa pediu para eu tocar de novo as músicas e depois disso a gente foi pra dentro da mansão. 
Victor sorri maliciosamente e Yasmin indaga:
   — O piano dormiu do lado de fora? 
Felipe ri. 
   — Não, os caras levaram ele embora logo depois que a gente entrou. 
   — Ah, entendi. — Ela sorri. — Foi tão lindo, Felipe. Nem parece que foi você que arquitetou tudo. 
   — Nossa, obrigado — ele ironiza. O trio ri e continua conversando. 

Mel e Reinaldo saboreiam um vinho sofisticado e conversam com empolgação. Os dois falam sobre trabalho, família, lazer, viagens, mas não tocam no assunto amor. 
   — Esse vinho é muito bom — fala Mel entre a conversa. — Você soube escolher perfeitamente. 
   — Eu sou um especialista em vinho. A minha adega é uma das minhas preciosidades. 
   — Você tem uma adaga em casa? 
   — Sim. Quando eu entro lá me perco. — Mel sorri e ele continua: — Sabe o Christian Grey e o seu quarto vermelho? Sou eu e a minha adega. 
Os dois riem e Mel se remexe na cadeira. 
   — Então, vamos pedir o jantar? 
   — Claro. — Reinaldo chama o garçom e eles fazem o pedido. — E você, tem algum xodó? 
   — Acho que o meu maior xodó, além da família, é claro, são as minhas composições.
   — Você compõem? 
   — Sim — Mel responde com orgulho. — Acho que você é a primeira pessoa para quem eu conto isso.
   — Nossa que honra! Gostaria de ouvir uma música sua. 
Mel sorri.
   — Sinto lhe decepcionar, mas as minhas composições são apenas um meio para eu desestressar. Acho que jamais mostrarei para alguém, são muito íntimas, sabe? 
Reinaldo assente. 
   — Compreendo. É muito bom você ter uma válvula de escape como essa. 
   — Concordo. 

Em seu quarto, Isabela lê um livro fazendo carinho em Nina com o pé. Seu celular começa a tocar e ela atende sem olhar para o visor. 
   — Alô. 
   — Oi, Isa. 
Um sorriso surge no rosto dela, que fecha o livro. 
   — Oi, Iago. Como vai? 
   — Vou bem, e você? 
   — Também. A que devo a honra da sua ligação? 
Iago ri. 
   — Só queria jogar conversa fora. 
   — Então você ligou para a pessoa certa. — Eles riem. — E aí, decidiu se vai no Carnaval fora de época? 
   — Acho que vou. Quero reencontrar alguns colegas. 
   — Você sente falta deles? 
   — Um pouco, mas não me arrependo de ter trocado de colégio.
   — Por quê? 
   — Porque se eu não tivesse mudado não teria conhecido pessoas tão maravilhosas. 
   — Eu sei que sou maravilhosa. 
Os dois gargalham. 
   — Quem disse que eu estava me referindo à você? 
   — Nossa! — dramatiza Isabela. — Vai ser assim? 
   — Tô brincando com você, sua bobinha. 
Isabela ri.
   — Sabe quem está aqui comigo? 
   — A Yasmin? — chuta Iago.
   — Não, é o outra animalzinho — brinca Isabela. — É a Nina. 
   — Ah! Quando eu vou conhecer essa famosa Nina? 
   — Quem sabe um dia? Você tem cachorro? 
   — Não. 
   — Ah, que pena! Se você tivesse a gente poderia marcar de dar uma volta com eles.
   — A gente pode dar uma volta só com a Nina. 
Isabela sorri. 
   — Verdade. Vamos marcar um dia depois. 
   — Fechado. Então, você tem notícias da Malu?
   — A Yas foi visitar ela no hospital e minutos atrás contou lá no nosso grupo no whats que ela está bem. Graças a Deus!
   — Nossa, ainda bem!
   — É mesmo. Você sabe como está o Pedro? 
   — Não, mas o Jonas está ótimo, até chamou a Maísa para assistir filme lá na casa dele hoje. 
A boca de Isabela fica seca repentinamente. 
   — Sério? — indaga depois de alguns segundos de silêncio. 
   — Sim. 
   — Nossa. Eu lembro de quando eu ia assistir filme na casa dele. 
   — É tão estranho imaginar que você namorou com o Jonas. Tipo, você é tão legal e o Jonas é um babaca. 
Isabela assente. 
   — É verdade, mas eu era cega por ele. 
   — Ainda bem que você voltou a enxergar, né? 
Eles riem. 
   — Ainda bem! Mas falando sério, a Maísa não sabe onde está se metendo. 
   — Ou talvez saiba até demais. 
   — Como assim? 
   — É que ela quer mostrar pro Jonas quem é que manda, entende?
Isabela sorri. 
   — Tomara que dê certo. O Jonas precisa mesmo de uma lição. 

Jonas abre a porta da sua casa para Maísa entrar. A loirinha ri ao ver o curativo na cabeça dele.   
   — Você está horrível — fala caminhando até o sofá seguida por ele. 
   — Obrigada pela sinceridade. 
   — Precisando estou aqui. 
   — É bom saber que você está aí. 
Maísa sorri e senta no sofá. 
   — Jonas, Jonas. 
   — O que foi? 
   — Nada, não. 
Eles riem e Jonas pega o DVD. 
   — E aí, cadê os seus pais? 
   — Saíram. 
Maísa ergue as sobrancelhas. 
   — Nós estamos sozinhos? 
Jonas pega o controle, apaga a luz da sala e se joga no sofá ao lado dela. 
   — Estamos. Você tem algum problema com isso? 
   — Não e espero continuar não tendo. 
   — Te garanto que você não terá. 
Os dois se olham intensamente por algum tempo e acabam sorrindo um para o outro. 
   — Vamos assistir o quê? — pergunta Maísa. 
   — A proposta. 
Maísa sorri radiante. 
   — Eu amo esse filme!
Jonas sorri e afaga a bochecha dela. 
   — Eu sei, você me contou uma vez e eu guardei. 
Ela sorri também e olha para a boca dele. 
   — Então vamos assistir o filme! — diz olhando repentinamente para a televisão. 

Marina estava assistindo um documentário, porém adormeceu. Durante o sono sonhou com algumas memórias alteradas: 
Marina puxa Brian pelo braço até a borda da piscina, mas na hora em que vai jogá-lo na piscina se desequilibra e cai novamente, junto com o garoto.
   — Marina! — grita Victor.
Marina volta a engolir bastante água. Brian passa um braço em torno da cintura dela e a leva até a beira da piscina. Victor puxa a sua irmã para fora da piscina.
   — Você tá bem? — pergunta Victor assustado.
Marina responde:
   — Tô.
   — Graças à mim — fala Brian e Victor rebate:
   — Se você não tivesse jogado ela lá dentro, nada disso tava acontecendo.
Depois de serem convencidos, Marina e Brian se aproximam e se abraçam.
   — Desculpa por ter te empurrado — pede Brian no ouvido dela.
   — Obrigada por ter me salvado.
Os dois trocam um olhar intenso enquanto se soltam. Na sequência a memória da infância se mistura com outra da adolescência: 
Brian sorri e tira um colar do bolso. O cordão é dourado e o pingente é um pomo de ouro.
   — Ah, não! — exclama Marina abrindo um enorme sorriso.
   — Um presente para a minha namorada fã de Harry Potter.
Após colocar o colar em Marina, ele recebe um beijo dela. Quando eles saem do beijo não estão mais no colégio como estava antes, e sim em Jones Beach. Marina está sentada no colo de Brian e ele a abraça com força. 
   — Amo você — ela fala.
   — Também te amo.
Mais uma vez as memórias se embolam. Agora Marina relembra no sonho a despedida com Brian antes de embarcar para o Brasil.
   — Esse não é o nosso fim, Mari. Não é! — ele fala. — Eu te amo e não há nada que me faça esquecer de você. Nós vamos continuar juntos, seja conversando pela internet, pelo celular ou até por telepatia. Você é minha e não é a distância que vai conseguir nos separar!
   — Eu te amo, Brian! Te amo mais do que tudo.
Eles se beijam. Um beijo demorado e cheio de saudade. A lembrança desaparece e Fred, o rapaz que trabalha na gravadora de Arthur, surge no sonho de Marina. 
   — Em que instituição você quer cursar? — pergunta Fred.
   — Stanford — Marina responde.
   — Uau! Ousado, não? 
   — Eu sei que não vou passar em nenhuma faculdade aqui, então por que não tentar estudar no país que foi criada e no mesmo lugar que o Sergey Brin estudou? 
Eles riem. No sonho, a lembrança se acelera. 
   — Então — Fred fala —, você pretende ir sozinha para os Estados Unidos? 
   — Voltar — ela corrige. — Acho que vou sozinha mesmo, os meus pais não querem voltar e eu não sei se o Victor pretende fazer faculdade lá. 
   — Você não tem namorado?
Marina tem a sensação que uma mão comprime seu coração ao se imaginar indo para os Estados Unidos sem Vinícius. 
   — Tenho, mas eu acho que ele não vai comigo e nem vou pedir. Não é justo pedir para ele mudar a vida toda por mim. 
Em seguida, pela primeira vez no sonho, o que ela vê é inédito:
   Marina desembarca em um aeroporto que não reconhece de imediato, porém logo descobre que fica nos Estados Unidos, pois as pessoas falam em inglês ao seu redor. Um rapaz chama a sua atenção e ela sorri imediatamente, correndo até Brian, que está com o cabelo um pouco mais comprido e barba no rosto. 
   — Brian! — exclama Marina emocionada se jogando nos braços dele. 
   — Nem acredito que você está aqui — fala o rapaz apertando Marina. — Não parece real. 
   — Eu voltei! Eu voltei pra você, voltei pra minha vida. O Brasil é passado!
Brian afaga o rosto dela e Marina o beija com intensidade. 
   Com o cabelo pregado na nuca por causa do suor, Marina acorda repentinamente. Ofegante, ela olha para os lados e se senta na cama, tomando consciência de que onde está. Ela leva as mãos à boca, sacudindo a cabeça. 
   — Meu Deus, o que foi isso? 

Próximo capítulo | Capítulo anterior