Imagine ChaMel 4ª Temporada (Filhos) - Capítulo 171: Chay tem surpresa em seu show intimista


Enquanto Fernanda e Mateus jantam fora, Thiago se veste após o banho na casa que está momentaneamente vazia. Em seguida se aproxima, visivelmente inquieto, de sua estante de livros e discos. Ele fica analisando os objetos por um longo instante e depois de respirar fundo, estica a mão trêmula até um livro falso que está entre os outros. Ele abre o livro e pega em seu interior oco uma entre as várias caixas de cigarros. Em frente a mansão, Graziele aguarda para entrar e quando o portão é liberado, caminha pela noite até a porta principal.
   — Boa noite, Dona Graziele — cumprimenta a empregada. 
   — Boa noite. O Thiago está em casa, né? 
   — Sim, a senhorita quer que eu vá chamá-lo? 
Graziele sacode a cabeça. 
   — Não, não precisa. Eu quero fazer uma surpresa para ele. 
No andar de cima, Thiago vai até a sacada com a caixa nas mãos juntamente com um isqueiro. Ele se apoia no batente e fica observando a rua silenciosa, sentindo os objetos vibrarem em suas mãos como se o chamassem. 
   — É bom a senhorita aparecer para vê-lo — comenta a empregada no térreo. — O Seu Thiago tem estado deprimido e quando a gente vai falar com ele, ele é grosso com a gente. Faz uns dois dias que ele está assim, eu até pensei que vocês tivessem brigado. 
Graziele escuta a empregada impassivelmente, concordando com cada reclamação da mulher e adicionando mais algumas em pensamento. Quando a serviçal termina, ela fala:
   — É, ele tem passado por um momento complicado. 
   — Aconteceu alguma coisa? 
   — Não — a ruiva mente com facilidade. — A adolescência não é uma fase tranquila, não é? — Elas riem e Graziele caminha rumo às escadas. — Vou subir. 

Yasmin e Felipe estão parados em frente ao portão da mansão em que moram aguardando a chegada de Victor e Marina. O corpo da loira está coberto com um vestido azul marinho de alças e decote em V e seu irmão usa calça jeans e uma regata xadrez sob uma camisa jeans. Os gêmeos surgem na noite e enquanto caminham até eles, recebem olhares dos dois. Yasmin analisa as roupas escolhidas por eles e se demora em Victor, que também a observa com excitação no olhar. 
   — Até que enfim! — fala Felipe quando eles se aproximam. 
   — Nem demoramos tanto — Marina fala. 
   — Eu odeio esperar! — Yasmin revira os olhos. 
   — Nem sempre você vai ter o que quer na hora que quer — Victor retorque e ela, sorrindo sedutoramente, fala:
   — Você que o diga.
Tanto Victor quanto Marina entendem o que ela quis dizer e a garota ri.
   — Vamos logo! — fala Felipe indo até o carro que está estacionado próximo à eles. 

O céu estrelado passa a ser observado por Thiago, que fuma se controlando para agir com calma e saborear cada tragada. A fumaça deixa sua boca com suavidade e ele observa ela se dissipando na noite com uma admiração no olhar. Logo em seguida coloca o cigarro na boca outra vez e aprecia a sensação gerada em seu corpo. 
Com os cabelos laranjados emoldurando o rosto pálido, Graziele observa as costas do namorado e a fumaça que plana por sua cabeça. Quando o jovem abaixa a mão direita, ela vê o produto que mais tem odiado na atualidade. Uma mistura de tristeza, angustia e pena a domina e usando toda as suas forças abre a boca, pronunciando em um sussurro:
   — Thiago?
Com o susto, Thiago deixa o cigarro cair de seus dedos, mergulhando na noite quente. Ele se vira e depara com a namorada em sua frente. Os dois se olham em silêncio por cerca de um minuto, até que Thiago diz:
   — Eu não sei o que aconteceu. 
   — Mas eu sei. O cigarro é um vício, Thiago. 
   — Não pra mim! Pra mim é só um passa tempo — ele fala com rapidez. 
   — Não é — Graziele discorda com os olhos marejados. — Se fosse isso você conseguiria parar. 
   — Eu consigo parar!
Graziele balança a cabeça negativamente. 
   — Não é o que você está demonstrando. 
Ele caminha em passos largos até ela e segura em seus braços com força, dizendo:
   — Eu vou parar. 
   — Você está me machucando — fala a ruiva com a garganta apertada e o coração descompassado. Thiago olha para as suas mãos que estão fechadas nos braços dela e se afasta abruptamente. Graziele massageia um dos braços e observa a marca que os dedos de Thiago deixaram em sua pele clara. 
   — Desculpa — pede o adolescente dando mais um passo para trás, como se acreditasse que a qualquer momento podesse machucar a namorada. 
Depois de se acalmar um pouco, Graziele pergunta com toda a sua coragem:
   — Você não acha que está na hora de contar para os seus pais? 
Thiago avança em sua direção e ela prende o ar, porém ele nem chega a tocar nela, contorna o seu corpo para voltar para o quarto. Graziele respira ofegante e se pergunta porquê achou que Thiago iria bater nela. Em seguida gira em seus calcanhares e também volta para o quarto, encontrando o namorado parado em frente à estante, de costas para ela. Ele pega o livro oco e coloca nas mãos dela, ambos estão com as mãos trêmulas. 
   — Tira isso de perto de mim. 
A ruiva olha para a capa do livro, lendo o título que está em inglês. 
   — O que eu vou fazer com esse livro? 
Thiago, nervoso, abre a capa do livro e Graziele abre a boca, surpresa em ver diversas caixas de cigarro. 
   — É aqui você esconde? 
O jovem empurra o livro nas mãos, pressionando levemente o objeto contra a barriga dela. 
   — Leva. 
Graziele fecha a capa do livro, pois não quer continuar olhando para as caixas, e questiona:
   — O que eu vou fazer com isso? 
   TIRA ISSO DE PERTO DE MIM! — repete Thiago aos berros. A ruiva, completamente assustada, assente e corre do quarto. Ela segue correndo até as escadas, onde para ofegante e olha por sobre o ombro. A ficha sobre tudo o que acabou de acontecer cai e ela também, sentando de qualquer modo nos degraus. Com um gesto, deixa o falso livro ao seu lado e afunda o rosto nos joelhos, chorando compulsivamente. 

Na noite anterior, Samuel e Jonas saíram para curtir a noite e o primeiro dormir na casa do ex-namorado de Isabela. Pela manhã, Jonas pediu para que ele ficasse o resto do dia e por isso Samuel só chega em casa na hora do jantar. 
   — Oi, mãe — ele cumprimenta entrando na sala de jantar. 
   — Oi. 
O adolescente fica tocado pela cena, pois Ruth come solitariamente no enorme cômodo iluminado por um lustre e velas. 
   — Tudo bem? — ele pergunta sentando em uma cadeira. 
Ruth coloca os talheres no prato e limpa a boca com um guardanapo de pano antes de encarar o filho. 
   — Aconteceu uma coisa hoje a tarde. 
   — O quê? — questiona Samuel notando os olhos inchados de choro da mãe. 
   — Seu pai veio aqui. 
A expressão de Samuel se endurece. 
   — O que ele queria? 
   — Adivinha? Tentar, mais uma vez, impedir o divórcio. 
O jovem bate com a mão fechada na mesa, fazendo a prataria estremecer. 
   — Quando ele vai aceitar que acabou? 
   — Fica calma, meu filho — pede Ruth colocando uma mão no ombro dele.
   — Não, mãe. Eu não vou me acalmar enquanto esse homem não deixar as nossas vidas. 
   — Ele nunca vai deixar a sua vida, Samuel, é o seu pai. 
   — Grande coisa! Eu preferia ser órfão a ter um pai como ele. 
   — Não diga isso. 
Samuel urra: 
   — Como a senhora pode defender esse homem? 
   — Eu não estou defendendo ninguém — pondera Ruth com a voz trêmula. — Eu só não quero que você sinta ódio do seu pai. 
   — Como eu não vou sentir? Ele está tentando destruir a sua vida e consequentemente a minha. 
   — O que aconteceu entre nós dois não tem que refletir em você, meu filho. 
   — Mas acontece que reflete, mãe. Eu odeio o meu pai por tudo o que ele fez com a senhora. 
Ruth pega na mão dele. 
   — Não é saudável sentir isso pelo seu próprio pai. 
   — Tem todos os pais são bons, mãe, entende isso. Eu odeio o Elias e não vou deixar que ele estrague o nosso futuro. Te prometo!

Depois de se recompor Graziele pega o livro oco e levanta, descendo os degraus com rapidez. Ela adentra na noite abafada e caminha rumo ao portão, encontrando no caminho o cigarro que caiu das mãos de Thiago. Com a sapatilha, faz questão de pisar no objeto e dá mais três passos antes de retornar para perto dele. O fato de Thiago não querer que os pais saibam que ele fuma às escondidas se apodera da mente dela e a ruiva se agacha e pega o cigarro. 
   — Não é encontrando um cigarro entre o jardim que eu quero que a Fernanda e o Mateus saibam — Graziele fala para si mesma e anda para fora dos terrenos da mansão. 

Os irmãos Fronckowiak-Rocha chegam ao barzinho em que acontecerá o show de Chay. Na entrada há uma grande fila de fãs de diferentes idades. 
   — A gente vai descer aqui? — pergunta Isabela. 
   — Qual é o problema? 
   — Não iríamos causar tumulto? 
Vinícius analisa através do vidro do carro a fila e acaba concordando com a irmã. 
   — É, mas como a gente vai entrar? 
Um homem dá duas batidinhas no vidro do passageiro e Evaldo abre a janela. 
   — Sou assessor do Chay — se identifica. — Ele me pediu para levar os filhos lá para dentro. 
   — Ele pensa em tudo — fala Isabela sorrindo. Vinícius abre a porta do carro e desce, provocando burburinho e agitação entre os fãs do cantor. Isabela segue o irmão e eles, ignorando o chamados dos fotógrafos do outro lado da rua, entram no bar que ainda está vazio. 
   — Cadê o meu pai? — pergunta Isabela para o assessor. 
   — Está no camarim improvisado. — Ele aponta para uma porta ao lado do pequeno palco e os adolescentes caminham até lá. 

Ainda confusa e assustada com o que aconteceu no quarto do namorado, Graziele busca abrigo na casa da melhor amiga. 
   — E aí, ruivinha — cumprimenta Malu animada saindo do banheiro, encontrando Graziele sentada em sua cama com um aparente livro nas mãos. — Estava fazendo — quando seus olhos pousam na amiga, completa sem entusiasmo: — xixi. O que foi, Grazi? 
A garota abaixa a cabeça e chora mais uma vez, deixando a amiga preocupada. 
   — Graziele, o que aconteceu? — insiste Maria Luíza e a ruiva estica o livro para ela. — O que é que tem esse livro? — indaga abrindo-o. — Uau! Isso é do Thiago? 
   — É. 
   — E o que está fazendo com você? — Seus olhos ficam mais alertas. — Você pegou escondido dele? 
   — Não, ele me deu. 
Malu assente, pegando uma das caixas para analisá-la melhor. 
   — Pelo menos não é cigarro barato. — Ela joga a caixa dentro do livro falso e se senta ao lado da amiga. — Mas isso não importa. Se o Thiago te deu isso, por que você está chorando? 
Graziele, entre lágrimas e soluços, narra para Maria Luíza tudo o que se passou dentro do quarto do namorado. No fim, conclui:
   — Eu nunca pensei que fosse sentir medo dele. Hoje eu senti. 
   — E você deixou ele sozinho nesse estado? — pergunta Malu em tom curioso.
Graziele passa a mão no rosto, tirando os fios de cabelo que escaparam de seu rabo de cavalo. 
   — O que você queria que eu fizesse? 
   — Eu não estou te julgando — Malu se apressa em dizer. — Foi só curiosidade mesmo. 
   — O Thiago precisa de ajuda — fala a ruiva enxugando as lágrimas — mas eu não consigo ajudar ele sozinho. 
   — É simples, conta para os pais dele. 
   — Mas ele não quer. 
   — Ele não tem que querer, é para o bem dele. 
Graziele sacode a cabeça. 
   — Não, eu tenho medo do que ele possa fazer. E se o Thiago fugir e procurar ajuda com os amigos traficantes? Seria o fim. 
Malu coça entre os olhos. 
   — Você está tão acostumada que nem se incomoda em falar "amigos traficantes". Enfim, qual é o seu plano então? Porque isso de tempo sem cigarro não fez efeito. 
   — Ainda não sei o que vou fazer. — Ela levanta da cama. — Só sei que vou fazer de tudo para ajudar o Thiago a sair dessa. — Com as mãos mais firmes pega o livro do colo de Malu. — Por enquanto eu fico com isso. 
   — Toma cuidado, se a Larissa pegar isso... 
   — Ela não vai pegar! — Graziele encara o livro oco. — Vou esconder isso bem escondido. 
Malu também levanta. 
   — Quer dormir aqui? Eu estou sabendo que os seus pais saíram para um jantar de negócios. 
Graziele suspira. 
   — É, eles saíram. 
   — Então, passa a noite aqui ou se você quiser eu posso dormir lá na sua casa com você!
A animação de Malu para ajudá-la comove Graziele. 
   — Obrigada, mas eu estou cada vez mais acostumada a ficar sozinha em casa. Ou melhor, eu, o Phil e as empregadas. 
   — Tem certeza que não quer que eu vá com você? 
   — Tenho, amiga. Obrigada. 
Malu abraça Graziele. 
   — Se precisar conversar é só me ligar. A qualquer hora, ok? 
   — Ok. 
Elas se despedem e a ruiva sai do quarto. 

Evelyn e Rayssa estão entre os fãs na fila para entrar no barzinho juntamente com suas mães, que também são admiradoras do trabalho de Chay. Um carro preto reluzente para no mesmo local em que Ulisses minutos antes. Quatros adolescentes descem e as duas na fila ficam de queixo caído. 
   — É a Yasmin Borges? — indaga Evelyn atônita.
   — E o Felipe Borges? 
Evelyn pega no braço de Rayssa, falando animada:
   — Os outros dois são a Marina e Victor! 
Rayssa assente surpresa. 
    O Victor é mais bonito pessoalmente do que é nas fotos. 
   — E olha que ele é lindo nas fotos. 
Yasmin vira de costas para a fila, olhando para os amigos. 
   — Vamos entrar logo, gente. 
   — A gente vai ter que enfrentar essa fila? — pergunta Marina e a loirinha e Felipe riem. 
   — Óbvio que não — responde Felipe. 
Logo atrás, na fila, Evelyn e Rayssa continuam comentando sobre eles. 
   — A Marina é linda pessoalmente.
   — Não mais que a Yasmin. 
   — Eu achei!
   — Credo! — exclama Rayssa. — Ela é linda, mas a Yasmin é perfeita, parece uma boneca. 
As duas observam Yasmin que ri de costas para elas. 
   — Olha a rosto da Marina — pede Evelyn —, parece porcelana. 
Rayssa franze a testa.
   — Peraí! Por que nós estamos comentando da Yasmin e da Marina se o Felipe e o Victor estão logo ali? 
Elas riem e começam a observar os dois. 
   — É difícil escolher entre eles — conclui Evelyn. 
   — São belezas diferentes. Um é loiro, o outro é moreno. 
Entre os quatros, Yasmin diz:
   — A gente nunca fica na fila, Marina. Muito menos no show do Chay!
   — Vamos logo entrar — fala Felipe impaciente. — Todo mundo está olhando para gente. 
Yasmin joga o cabelo e olha para a fila sorrindo.
   — Oi, gente — cumprimenta dando um aceno e as fãs mais maduras respondem e as outras dão gritinhos entusiasmados. 
   — Como gosta de um brilho, né? — comenta Marina se aproximando do irmão. 
Victor ri e concorda com a cabeça. Os quatro caminham até a porta do barzinho e Evelyn e Rayssa os acompanham com o olhar. 
   — Queria ver a Yasmin e o Victor se beijando — lamenta Evelyn. 
   — De mãos dadas eu já estava feliz. 
   — Eu li uma vez na Capricho que eles não costumam ficar agarrados em público. Por isso que ninguém nunca sabe se eles estão juntos ou separados — completa rindo. 
   — Será que é uma fonte segura? 
Evelyn dá de ombros. 
   — Parece que foi uma pessoa que tava em um dos desfiles da MelPhia e viu eles. 
Victor, Yasmin, Marina e Felipe entram no barzinho, deixando as fãs ainda mais empolgadas do lado de fora.

Malu se joga em sua cama e neste mesmo instante seu celular toca. 
   — O que foi, Samuel? — pergunta atendendo. 
   — Boa noite pra você também. 
   — Ai, fala logo o que você quer, Samuel. Eu não estou pra conversa fiada. 
   — Eu só queria conversar. O meu pai veio aqui em casa hoje a tarde e... e rolou o maior quebra pau entre ele e a minha mãe. 
   — Ele bateu na sua mãe de novo? — pergunta Malu afundando ainda mais a cabeça no travesseiro, tentando controlar uma dor que se aloja em sua cabeça. 
   — Não, mas...
   — Então se não foi algo tão sério como isso pode ficar pra amanhã, né? — A morena corta. — A Grazi acabou de sair daqui cheia dos pepinos e a minha cabeça parece que vai explodir. 
   — Ok — diz Samuel depois de um momento. — Eu sei que sua amiga é mais importante. 
   — É, ela realmente é. 
   — Até depois. Tchau!
   — Tchau!
Maria Luíza desliga e esconde o rosto sob o travesseiro. Ela repassa a sua conversa com Samuel e só então percebe o tom angustiado da voz dele e se culpa por não ter dado o apoio que ele merecia. 
   — Droga de consciência — reclama tirando a cabeça debaixo do travesseiro ao mesmo tempo que pega o celular com uma das mãos. — Atende, Samuel — fala depois de discar o número dele. — Atende. 
Depois de vários toques, a chamada cai na caixa de mensagem. Malu insiste por mais algumas vezes antes de aceitar que Samuel não irá atender. 

Os seis herdeiros dos ex-rebeldes estão sentados em uma mesa em frente ao mini palco aguardando o show começar junto com os fãs que também já entraram. Marina e Vinícius conversam bem próximos enquanto Yasmin e Isabela fofocam sobre algumas fãs e Felipe e Victor falam sobre um jogo do celular do loiro. Eles estão entre duas mesas, em uma delas há um grupo de mulheres com idades entre trinta e quarenta e cinco anos e na outra Rayssa e Evelyn com suas mães. Elas estão mais comedidas, mas continuam falando sobre eles. 
   — A Marina e o Vinícius são uns fofos. 
   — São mesmo, uma pena que nem todos os casais estão juntos. 
   — Parece que a Isabela e o Felipe terminaram, né? 
   — É, ela até excluiu algumas fotos com ele no Instagram. 
Em sua mesa, Isabela fala com a amiga:
   — A gente não deve ficar falando mal delas, Yas. São fãs do meu pai, né? 
   — Só por que são fãs do seu pai são um exemplo de moda? — pergunta a loirinha rindo. — Algumas estão bem mal vestidas, é a realidade. 
   — Vamos falar de coisas boas? 
   — Ok, garotos? — Yasmin começa a gargalhar. 
   — Agora que você falou, eu lembrei de um cara muito gato que vi aqui. 
   — Sério? Até agora eu não vi ninguém. 
   — É o guitarrista da banda do meu pai. O que realmente é da banda teve um problema e outro vai substituí-lo nesse show. Você tem que ver, é lindo. 
   — Quem é lindo? — pergunta Victor esticando o pescoço para a conversa das duas. — Eu? 
Yasmin, que está ao lado dele, ri. 
   — Não, a gente está falando de cara lindo de verdade. 
   — Então devem estar falando de mim — diz Felipe e todos riem, até Isabela. Instantes depois, Chay sobe no palco com sua banda, provocando gritos e aplausos. 
   — Boa noite! — ele fala ao microfone. — É um prazer ter todos vocês aqui nesta noite. — O cantor passa a alça do violão pela cabeça e começa a tocar a primeira música. 

Em um grande hipermercado Anelise confere sua lista de compras em um aplicativo no celular enquanto empurra o carrinho com pressa por um enorme corredor de guloseimas. Assim que sai do corredor, vai para a sessão de frutas, legumes e verduras. Depois de encher ainda mais o carrinho com sacolinhas transparentes de maçã, de ameixa, de pêssego, de mamão e uma bandeja de uva roxa, arrasta o carrinho rapidamente rumo aos caixas. Quando está se aproximando, vê Bernardo vindo do outro lado com o carrinho cheio também. Os dois trocam um olhar, encaram um caixa que acabou de ficar vazio e voltam a se olhar. Segundos depois estão correndo pelo hipermercado, empurrando os carrinhos em direção ao caixa livre. O casal chega ao mesmo tempo no caixa, ambos derrapando para não bater com o carrinho no metal da lateral do caixa.
   — Cheguei primeiro! — exclama Anelise ofegante. 
   — Claro que não — discorda Bernardo. — Eu cheguei primeiro. 
A caixa observa os dois com a testa franzida.
   — Eu tenho certeza que eu peguei as coisas mais rápido — fala Anelise com confiança. 
   — Ah é? — debocha Bernardo. — Quero ver o seu cronômetro. 
   — Eu também quero ver o seu — retorque a blogueira. 
Eles trocam de celulares para ver o tempo um do outro.
   — Trinta minutos e vinte e dois segundos — fala o médico. 
   — Vinte e oito e trinta e sete — lê Anelise em voz alta. Ela revira os olhos e devolve o celular para o marido. 
   — Ganhei! — Bernardo sorri para ela. 
   — A compra é junta? — indaga a funcionária cansada de esperá-los. 
   — Ah — exclama Anelise olhando para ela, como se estivesse esquecido da sua presença. — As compras são juntas sim. 
Os dois vão colando o conteúdo de seus carrinhos na esteira do caixa e minutos depois passam pelas portas do hipermercado. Eles levam em um único carrinho, que é empurrado por Bernardo, as compras do mês feitas pelos dois. Anelise carrega a chave do carro de Bernardo, um Range Rover Sport preto, enquanto fala:
   — Você pegou tudo o que estava na sua metade da lista? 
   — Peguei e você?
   — Também. 
   — Um cara ficou me olhando enquanto eu tava pegando os absorventes. 
Anelise gargalha e desliga o alarme do carro. 
   — Queria ver essa cena, mas estava ocupada vendo qual espuma de barbear era a melhor. 
Os dois riem e começam a colocar as compras no porta-malas. 

Em seu escritório, Mel descansa a caneta sobre a mesa e fita a folha em que estava escrevendo por um tempo antes de guardá-la em uma pasta junto com outras folhas. Ela levanta de sua cadeira giratória com a pasta nas mãos e caminha até uma estante, onde se agacha e guarda o objeto atrás de outras pastas com croquis antigos.
   Depois que guarda a pasta, Mel sai de seu escritório e vai até o seu quarto, cruzando rapidamente o cômodo para chegar ao closet. No espaço, observa seu armário de sapatos e seu olhar se fixa na última prateleira, onde manequins de cabeças exibem diversas perucas que são usadas como decoração. Com agilidade Mel pega uma escadinha que usa para alcançar os sapatos e roupas que ficam no alto e a posiciona em frente ao armário de sapatos. Ela sobe e se estica pegando uma das perucas, uma com os fios compridos da cor castanho claro. Em seguida pega uma calça de alfaiataria preta e uma blusa de renda verde, que veste com rapidez. Prendendo o cabelo em um coque, corre até a penteadeira e faz a maquiagem, caprichando no lápis labial, o que deixa sua boca bem maior do que o natural, e usando de artifícios que deixam seu rosto e nariz ainda mais finos.
   — Agora é a sua vez — fala olhando para a peruca.

Em seu apartamento, Bernardo se joga no sofá depois de ter guardado as compras do mercado. 
   — Por que você não está na cozinha fazendo o jantar? — pergunta vendo Anelise sentar ao seu lado. 
   — Você acha que eu sou sua empregada?
   — Não, o que eu acho, na verdade tenho certeza, é que você perdeu o nosso desafio das compras e como o nosso combinado, quem perde faz o jantar. 
Anelise revira os olhos. 
   — Maldito momento em que a gente fez esse acordo de dividir a lista de compras, competindo para ver quem vai ser o mais rápido em pegar os produtos.
   — Maldito momento agora que você perdeu, né? Porque quando eu perdi você ficou rindo. 
   — Vai se ferrar, Bernardo.
   — Oh, tadinha, ficou bravinha porque perdeu. 
   — Para!
Bernardo ri e abraça Anelise, colocando uma das pernas no colo dela.
   — Sai, Bernardo! — ela pede tentando empurrar a perna dele. 
   — Não saio, não — ele rebate dando beijos no rosto dela. 
   — Sai! — Anelise pede com a voz esganiçada. Bernardo ri e senta no colo da esposa, deixando uma perna de cada lado do quadril dela. — Você é pesado, sabia? 
   — Fica quieta. 
   — Sai, velho. 
Bernardo ri e coloca as mãos no pescoço dela. 
   — Te amo, sua mimadinha. 
   — Eu também, agora sai de cima de mim. 
Ele gargalha e dá um selinho nela. Anelise sorri levemente e recebe um beijo do marido. Ele sai de cima dela e deita no sofá, a trazendo consigo. Anelise senta no quadril de Bernardo e o beija intensamente. O casal fica se beijando por um longo tempo, até que Bernardo interrompe e fala:
   — Eu tô com fome, vai demorar o jantar?
Anelise revira os olhos e pula do sofá, indo para a cozinha. 

Thiago volta para a sacada, onde encontra a caixa de cigarros que levou consigo juntamente com o isqueiro. Ele relembra dos olhos marejados de Graziele ao pegar os objetos e caminha apressadamente para o banheiro, onde joga a caixa no vazo e aperta a descarga, em seguida guarda o isqueiro em uma gaveta de cuecas. Assim que deita em sua cama, fecha os olhos e expira lentamente. 
   — Eu sei que consigo. Eu sei que consigo — repete diversas vezes. 

Com culpa, Malu decide usar de seu último recurso e liga para Jonas. 
   — Alô — ele fala atendendo. 
Malu demora um tempo para responder. 
   — Oi, Jonas. 
   — Quem é? 
   — Maria Luíza.
Jonas ri. 
   — Por que você está me ligando? E como conseguiu meu número? 
Malu morde um lábio, controlando o arrependimento que surge em seu peito. 
   — Eu peguei o seu número lá no grupo da sala no whats e estou te ligando porque preciso saber o endereço do Samuel. — Ela praticamente sente o olhar malicioso que Jonas dá. 
   — Por que você não pergunta diretamente pra ele? 
   — Não é da sua conta. 
   — Não é desse jeito que você vai conseguir o que quer, Maria — rebate Jonas e ela revira os olhos. 
   — Ele não me atende, agora dá pra falar onde ele mora? 
   — Se ele não te atende, não é sinal de que não quer falar com você? 
   — Fala logo o endereço, Jonas!
O garoto ri e passa o endereço do melhor amigo para ela. 
   — Olha, o Samuel gosta de policiais. 
   — Como é? 
   — Se for para escolher uma fantasia, escolhe de policial.
Malu revira os olhos e desliga na cara dele. Ela fita o papel onde anotou o endereço de Samuel, falando: 
   — Você não quis me atender pelo celular, amanhã verei se pessoalmente vai ser a mesma coisa. 

Após tocar algumas músicas de seu novo disco, Chay começa a tocar Thinking Out Loud do Ed Sheeran e várias fãs suspiram, Isabela incluída entre elas. Felipe batuca levemente na mesa no ritmo da canção, Victor observa Chay tocando, Yasmin canta junto com ele, Vinícius balança a cabeça de um lado para o outro junto com a música e Marina pega em sua mão, cantarolando junto com Yasmin.
   Do lado oposto ao palco, está parada Mel em seu disfarce. Ela assiste ao cover, relembrando das palavras da filha: "Têm partes que se encaixam muito com vocês [...] Mas que ele escolheu essa música por causa da senhora, escolheu." No palco, Chay toca e canta olhando para o rosto de cada fã, indo das primeiras mesas rumo as do fundo.
   — So honey now. Take me into your lovin' arms, kiss me under the light of a thousand stars, place your head on my beating heart. I'm thinking out loud. — Quando seu olhar encontra a mulher que está parada em pé próxima a porta do barzinho, seu coração dispara, em sua concepção, inexplicavelmente. — Maybe we found love right where we are — canta olhando diretamente para os olhos dela. 
   Após a música, Chay interrompe o show para beber água. Ele se abaixa para pegar a guarrafinha próximo ao microfone e ao se levantar não encontra mais a mulher dona dos olhos que, em sua cabeça, lembraram os de sua ex-mulher. 
   Mel senta em uma banqueta em frente ao balcão que fica na lateral direita do bar. Seu coração está acelerado e ela tem certeza de que Chay a reconheceu. 


Comentários

  1. A Mel foi ao show 😍😍😍😍😍😍

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  2. Nossa que capítulo foda
    adorei as duas purps como fã no show do chay vc é incrível Renata.

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  3. Amei, chay e mel promete. Amei a parte em que o Felipe diz que se tão falando de um cara lindo de verdade é ele. Quero mais capítulos.

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  4. Estava com saudades da Anelídeos e do Bernardo. Amei a cena deles ♡♡♡

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  5. Quero muito ler as próximas cenas de Malu e Samuel!

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  6. Thiago e Grazi me abalaram </3 ele precisa aceitar que não vai conseguir parar sozinho.

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  7. — Olha, o Samuel gosta de policiais.
    — Como é?
    — Se for para escolher uma fantasia, escolhe de policial.
    Morri de rir nessa parte. Estou ansiosa para ver a conversa Malu com a Samuel, espero que ele atenda ela.

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  8. O Thiago precisa procurar ajuda! Tadinha da Grazi.

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  9. Quando a Yasmin vai parar de jogar com Victor? kkkkk Tomara que ele não fique bravo com ea.

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  10. Hoje É Quintaaaaa Uhuuul 👏👏👌❤👀

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  11. Loca pra ler proximo cap!!!! Amo seu imagine!!! *-*

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  12. Ainda bem que hoje é quinta \o/ \o/ \o/

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  13. Hoje Eh Dia de Madrugar Esperando O Imagine '-' *-*

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